Economia

Trabalhadores criativos são mais jovens, informais e bem pagos

Enquanto o rendimento médio mensal do trabalhador foi de R$ 2.451 em 2015, o dos profissionais criativos atingiu R$ 6.270, diz novo Atlas

23,39% dos que trabalham com cultura e 27,46% daqueles na indústria criativa tem ensino superior completo (Thinkstock/Thinkstock)

23,39% dos que trabalham com cultura e 27,46% daqueles na indústria criativa tem ensino superior completo (Thinkstock/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 5 de abril de 2017 às 20h00.

Última atualização em 5 de abril de 2017 às 20h31.

São Paulo - Os trabalhadores da economia criativa brasileira ganham mais, em média, do que o resto da população.

Enquanto o rendimento médio mensal do trabalhador foi de R$ 2.451 em 2015, o dos profissionais criativos atingiu R$ 6.270 (duas vezes e meia mais alto).

O Atlas considerou os diferentes elos da produção e uma visão ampla de cultura, que engloba design e arquitetura, por exemplo.

Os dados estão no artigo “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil: os profissionais criativos no cenário de crise”, presente no Atlas Econômico da Cultura lançado hoje em São Paulo pelo Ministério da Cultura.

Os autores são os pesquisadores Tatiana Sánchez, Joana Siqueira, Cesar Bedran e Gabriel Bichara Santini Pinto, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN).

A concentração é grande em termos regionais: no setor audiovisual, por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro somavam, juntos, 52,9% dos empregos e 70,4% da massa salarial em 2014.

Dos quatro eixos usados pela Firjan, os empregos estão concentrados em dois: consumo e tecnologia, que empregam 80% do total, com os 20% restantes em mídia e cultura.

A publicidade foi o segmento que mais cresceu em número de empregados: foram 19 mil postos de trabalho criados entre 2013 e 2015, uma alta de 17%.

Informalidade

Outra característica do mercado de trabalho criativo são níveis mais altos de informalidade: 42,5% na economia criativa contra 33,6% no setor não criativo.

A taxa de informalidade entre os criativos varia muito em termos regionais: está abaixo dos 30% em São Paulo, Distrito Federal e Santa Catarina e ultrapassa 70% em Amazonas, Piauí, Pará e Maranhão.

Os dados são do IBGE e estão em artigo assinado por Angela Maria Morandi (Unicamp), Ana Carolina Giuberti (USP), Andrezza Rosalém Vieira (UFES) e Victor Nunes Toscano (UFES) também no Atlas.

"Tem sido documentado na literatura que as ocupações criativas tendem a pagar melhores salários e têm sido associadas a empregos de melhor qualidade e níveis de satisfação acima das ocupações de rotina, por conta do compromisso e senso de envolvimento cultural e criativo", diz o artigo "Panorama da Economia Criativa no Brasil", também no Atlas.

Os autores são João Maria de Oliveira (Universidade Federal do Rio Grande do Norte),
Bruno Cesar Pino Oliveira de Araujo (Universidade de São Paulo) e Leandro Valério Silva (Universidade Federal de Goiás).

Com dados do Ministério do Trabalho e do IBGE, eles estimam que os trabalhadores criativos respondem por aproximadamente 3% da força de trabalho e 6% da massa salarial brasileira.

Outro ponto que eles destacam é que os os trabalhadores na economia criativa são mais jovens que a média: 33 anos em média, contra 36 anos para o total de trabalhadores.

Eles também são mais escolarizados. Segundo dados da PNAD Contínua citados em outro artigo do Atlas, 23,39% dos que trabalham com cultura e 27,46% daqueles na indústria criativa tem ensino superior completo, contra uma taxa de 18,21% entre o total de ocupados.

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