Cartões: o cartão de crédito foi o principal responsável pelo endividamento
Agência Brasil
Publicado em 24 de janeiro de 2017 às 12h24.
O número de famílias com dívidas caiu 3,9% no ano passado, divulgou hoje (24) a Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Em contrapartida, o número de famílias com contas ou dividas atrasadas (inadimplentes) aumentou 18,4% em comparação a 2015. Os dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de 2016.
O levantamento mostra que apesar da redução no número médio de famílias endividadas em relação a 2015, os indicadores de inadimplência apresentaram alta no período, principalmente no terceiro trimestre do ano.
Com isso, a parcela de famílias com contas ou dívidas em atraso aumentou em relação a 2015, atingindo 23,6% do total.
Já o número de famílias inadimplentes (que não tiveram condições de pagar suas contas em atraso) alcançou 8,9% - um aumento de 25,2% em comparação com o ano anterior.
Para o economista da Confederação, Bruno Fernandes, tanto a queda do nível de endividamento como o aumento da inadimplência "foram reflexos da retração da economia doméstica em 2016".
Para ele, "a desaceleração do consumo, proveniente da piora do mercado de trabalho e das altas taxas de juros, ocasionou maior dificuldade às famílias para honrar os seus compromissos no período".
A pesquisa divulgada pela CNC constatou mais uma vez que, assim como nos anos anteriores, o cartão de crédito foi o principal responsável pelo endividamento, com a modalidade atingindo no ano passado 77,1% das famílias.
O carnê vem em segundo lugar, atingindo 15,4% das famílias e, em terceiro lugar, as dividas contraídas por famílias para financiamento de carro, que chegam a 11,2% do total.
Outro dado importante, constatado pela pesquisa, foi o crescimento do crédito pessoal entre os tipos de dividas mais citados, com 10,3% de participação, "contrariando uma tendência de redução neste tipo de endividamento, que vinha sendo observado nos últimos três anos". No ano passado, por exemplo, a média deste tipo de endividamento era de 9%.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor de 2016 constatou uma piora na percepção das famílias em relação ao seu nível de endividamento, embora a parcela média da renda mensal comprometida com o pagamento de dívidas tenha permanecido estável em 30,6%.
Já a média anual do percentual de entrevistados que relataram estar muito endividados aumentou de 12,4% em 2015 para 14,3% em 2016.
A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) é apurada mensalmente pela CNC desde janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18.000 consumidores.