Economia

Tombini vê inflação caindo nos próximos meses

O presidente do Banco Central disse que o país atravessa o pico da inflação acumulada em doze meses e que o avanço dos preços deverá desacelerar


	Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini: "o hiato do produto deverá reduzir a pressão inflacionária em 2016"
 (REUTERS/Sergio Moraes)

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini: "o hiato do produto deverá reduzir a pressão inflacionária em 2016" (REUTERS/Sergio Moraes)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2016 às 16h54.

Brasília - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que o país atravessa o pico da inflação acumulada em doze meses e que o avanço dos preços deverá desacelerar nos próximos trimestres ajudado pela economia em recessão, num processo "gradual, cumulativo e defasado".

Ao discursar em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social nesta quinta-feira, Tombini ressaltou que, de um lado, a razão entre os preços administrados e os preços livres está em um patamar próximo ao final da década passada, de modo que os ajustes dos preços administrados neste ano tendem a ser "substancialmente menores" do que os verificados em 2015.

O chamado realinhamento dos preços relativos, que também contempla o movimento dos preços domésticos em relação aos internacionais, impulsionou a inflação em 2015 para o patamar de 10,67 por cento, muito acima da meta do governo de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Em outra ponta, Tombini chamou a atenção para a diferença entre o Produto Interno Bruto (PIB) e o PIB potencial da economia, conhecido como hiato do produto.

"O hiato do produto deverá reduzir a pressão inflacionária em 2016, limitando a propagação da inflação para horizontes mais longos", afirmou Tombini. "Por ser (a redução da inflação) um processo gradual, cumulativo e defasado, destaco a importância de se manter, ao mesmo tempo, perseverança nas ações presentes e visão prospectiva nos desdobramentos da gestão da política monetária, tendo em vista os efeitos do ambiente externo na formação dos preços domésticos", afirmou Tombini.

O presidente do BC destacou que a elevação de incertezas, especialmente as ligadas ao cenário internacional, como destacado mais cedo em ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Por isso, o BC seguirá monitorando a evolução do cenário macroeconômico para definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.

"As mudanças nos ambientes doméstico e, principalmente, internacional, sobretudo mais recentemente, e seu impacto no balanço de riscos para a inflação, combinados com os ajustes já implementados na política monetária, podem fortalecer o cenário de convergência da inflação para a meta de 4,5 por cento em 2017", disse Tombini, reiterando mensagem da ata.

"Nada obstante, o Banco Central permanecerá vigilante quanto à evolução da conjuntura macroeconômica e às perspectivas para a inflação e adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5 por cento, em 2017."

Nesta quinta-feira, o BC adotou um tom mais brando em relação à condução da política monetária, ao sugerir na ata do Copom maior tolerância com a inflação neste ano em meio à elevação das incertezas no cenário externo, com destaque para desaceleração na China e evolução dos preços do petróleo.

Na semana passada, a autoridade monetária manteve a Selic em 14,25 por cento ao ano, patamar que segue o mesmo desde julho de 2015, em polêmica decisão tomada em meio a pressões para que não mexesse nos juros devido à forte deterioração da economia, apesar do cenário de inflação elevada.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralInflaçãoMercado financeiro

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo