Economia

Tombini sinaliza aumento da Selic após inflação inesperada

Preços desaceleraram de forma inesperada no mês, o que pode estender o maior aumento de taxa de juros do mundo

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos, no Senado, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos, no Senado, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2014 às 16h28.

Brasília - Os preços ao consumidor no Brasil desaceleraram de forma inesperada no mês até a metade de janeiro e o Banco Central sinaliza que pode estender o maior aumento de taxa de juros do mundo. As taxas de swap caíram.

Os preços ao consumidor medidos pelo índice IPCA-15 subiram 0,67 por cento no mês até a metade de janeiro, disse o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, em relatório publicado hoje em seu site. O aumento foi menor que o previsto por cada um dos 42 economistas consultados pela Bloomberg, cuja mediana de estimativas apontava para um aumento de 0,79 por cento.

Em um relatório publicado hoje, a diretoria do Banco Central, liderada por Alexandre Tombini, disse que era “apropriado” manter o ritmo atual de aumentos da taxa de juros, repetindo a linguagem usada para justificar os seis aumentos anteriores de meio ponto porcentual que elevaram a taxa Selic de 7,25 por cento, em abril, para 10,5 por cento. Eles disseram que a inflação, que tem estado acima da meta há mais de três anos, continua persistente.

As taxas de swap caíram em todo lugar depois que os operadores apostaram que o Banco Central terá espaço em fevereiro para desacelerar o ritmo dos aumentos de taxa para um quarto de ponto porcentual, em vez de meio ponto, após a inflação desacelerar mais que o esperado.

“O IPCA-15 caiu e as pessoas dirão que o Banco Central pode seguir adiante, mas em um ritmo mais lento”, disse Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Ctvm Ltda, por telefone, de São Paulo. “O risco inflacionário é muito alto no país”.

Taxa básica

Ele mudou sua perspectiva e agora prevê que o Banco Central subirá a taxa básica para 11,25 por cento neste ano.

O Brasil está fazendo um grande esforço para a inflação convergir à sua meta de 4,5 por cento, disse a presidente Dilma Rousseff, em 20 de janeiro, em entrevista a emissoras de rádio locais. A maior economia da América Latina aumentou os custos dos empréstimos mais do que qualquer outra das 49 economias globais monitoradas pela Bloomberg.


A inflação anual até janeiro desacelerou para 5,63 por cento, o ritmo mais lento desde outubro de 2012. Ela contrasta com a mediana de estimativas, de 5,76 por cento.

O Banco Central disse que os aumentos dos preços ao consumidor têm sido um pouco maiores que o previsto e reiterou que o real mais fraco pode aumentar os preços no curto prazo. Os estrategistas disseram que uma inflação mais alta pode afetar a confiança do consumidor na economia, reduzindo o crescimento.

A atual desaceleração na inflação foi temporária e está ligada a uma queda nos preços das passagens aéreas após as festas de fim de ano, disse Flávio Serrano, economista do Banco Espírito Santo de Investimentos. As passagens caíram 16,3 por cento no mês, reduzindo em 0,1 ponto porcentual o número global de inflação, segundo o IBGE.

Inflação generalizada

O índice de difusão, um indicador de quanto a inflação está generalizada sobre bens e serviços, subiu para 75,1 por cento, igualando o nível de um ano atrás, que havia sido o mais alto em oito anos, segundo Serrano.

Na última pesquisa semanal do Banco Central, os analistas disseram esperar que a inflação irá acelerar para 6,01 por cento até dezembro e que o crescimento econômico deverá desacelerar para 2 por cento, contra os 2,3 por cento do ano passado, segundo estudo publicado em 20 de janeiro.

O PIB do Brasil no terceiro trimestre encolheu o máximo em relação aos três meses anteriores desde 2009, enquanto o crescimento anual caiu para 2,2 por cento. A atividade econômica total também recuou em novembro, segundo estimativas do Banco Central, porque a produção industrial caiu.

“No fim das contas, a inflação não cairá muito mais a partir daqui”, disse Neil Shearing, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics Ltd, por telefone, de Londres. “As minutas do Banco Central ainda estão muito linha dura. Há referências de continuidade da política de aperto e de que a inflação seguirá acima da meta”.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralInflaçãoMercado financeiroPolítica monetáriaPreços

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto