Economia

Tombini reforça que ciclo de aperto está próximo do fim

O presidente do Banco Central lembrou que a política monetária opera com defasagens e é cumulativa


	Alexandre Tombini: presidente do Banco Central colocou na alta do dólar em 2013 parte da responsabilidade pela pressão no custo de vida
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Alexandre Tombini: presidente do Banco Central colocou na alta do dólar em 2013 parte da responsabilidade pela pressão no custo de vida (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de abril de 2014 às 20h11.

Brasília - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reforçou nesta quarta-feira, 16, a mensagem de que o ciclo de aperto da taxa básica de juros está próximo do fim.

Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), Tombini disse que parte "relevante" do aperto monetário iniciado em abril do ano passado, e que levou a taxa básica (Selic) de 7,25% ao ano para 11%, ainda "não tocou a inflação".

Ele lembrou que a política monetária opera com defasagens e é cumulativa.

Tombini ainda colocou na alta do dólar em 2013 parte da responsabilidade pela pressão no custo de vida. Ele disse que existiam forças, em referência à moeda norte-americana, fazendo contraponto no combate à inflação.

"Temos trabalhado para que a inflação este ano esteja compatível com os critérios estabelecidos pelo regime de metas", garantiu o presidente do BC.

Mais uma vez, o executivo afirmou que o País passa por um choque nos preços dos alimentos in natura, cenário que classificou como temporário.

Ele também tentou apresentar um cenário otimista, a despeito da deterioração das expectativas de mercado que, nesta semana, colocou as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) próximas do teto da meta no fim do ano.

A meta de inflação deste ano foi definida em 2012 pelo Conselho Monetário Nacional como 4,5%. O regime em vigor concede uma margem de tolerância de 2 pontos porcentuais para mais ou menos.


Recuo

Segundo o boletim Focus, publicado pelo próprio BC com estimativas do mercado financeiro, a projeção para 2014 chegou a 6,47%. Tombini, no entanto, afirmou que a inflação vai ceder nos próximos meses.

"O BC vem trabalhando para que esse choque se circunscreva ao setor. A inflação já vem dando mostras de recuo nos dados mais recentes", disse.

Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, avalia que o BC tem relevado o risco inflacionário ao classificá-lo como temporário.

"O efeito cumulativo dos juros sobre a atividade, o crédito que vem se reduzindo e o próprio câmbio, que deu uma estabilizada, faz eles acreditarem que vai ser possível segurar a inflação abaixo do teto da meta", observou. "Mas isso é um risco, as expectativas estão se deteriorando."

Fiscal

O presidente do BC ainda fez referência à decisão do governo de adotar uma meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida), para 2015, menor que em anos anteriores.

"Viemos apertando a política monetária e, a fiscal, ontem (terça-feira,15), os ministros da Fazenda e do Planejamento anunciaram o Plano de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2015 indicando um superávit primário da ordem de 2,5% do PIB, com limite inferior duro a 2%", disse.

Em discurso, Tombini ainda defendeu que o Brasil não é um País frágil, como havia dito o Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos), em fevereiro. "Volatilidade não deve ser confundida com fragilidade, esse processo é necessário", argumentou ao explicar que essa característica havia sido atribuída à oscilação do dólar frente o real.

Tombini ainda afirmou que o setor externo, em 2014, diferentemente do ano passado quando contribuiu negativamente para o crescimento do País, dará colaboração de "neutra a ligeiramente positiva" neste ano.

Acompanhe tudo sobre:Alexandre TombiniEconomistasInflaçãoJurosPersonalidadesTaxas

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto