Alexandre Tombini: "Eu não disse absolutamente nada em relação ao que vai ser o programa a partir de 1o de janeiro de 2015" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2014 às 14h01.
São Paulo - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, negou que tenha indicado que o programa de intervenção no câmbio irá mudar ou acabar a partir de janeiro do próximo ano, em vídeo publicado na página da internet do Palácio do Planalto.
Durante a entrevista de apresentação da nova equipe econômica, na quinta-feira, Tombini afirmou que o estoque atual de swaps cambiais "já atende de forma significativa" à demanda por proteção cambial. A declaração levou investidores a apostar na redução ou mesmo no fim do programa de intervenções diárias, impulsionando o dólar sobre o real.
"Eu não disse absolutamente nada em relação ao que vai ser o programa a partir de 1o de janeiro de 2015, que é até quando esse programa vai, 31 de dezembro de 2014. O que eu disse é que essa é uma posição confortável", disse Tombini no vídeo com entrevista para o site do Planalto, divulgado na quinta-feira. "Também disse que o volume atual ligeiramente superou 100 bilhões de dólares equivalentes. É um nível bom de proteção aos agentes econômicos, proteção contra variações bruscas na taxa de câmbio. Disse que com esse cenário é que vamos decidir até o fim do ano o que vamos fazer em 2015".
O BC tem atuado diariamente no câmbio desde agosto de 2013 para oferecer proteção cambial e limitar a volatilidade da moeda. Alguns investidores criticam a intervenção constante, alegando que gera distorções que podem prejudicar a economia brasileira.
Tombini ressaltou também que o cenário de recuperação global é, por um lado, favorável aos mercados emergentes, porque não reduz a liquidez internacional de forma brusca. No mesmo vídeo, o futuro ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que a equipe almeja manter a política econômica robusta, independente do contexto externo.
"Independente do cenário internacional, a direção do desenvolvimento é a mesma. O que o cenário internacional nos dá é graus de liberdade maiores ou menores", disse Barbosa.
O vídeo inclui ainda declarações do futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, concentradas principalmente sobre o tema fiscal. Levy disse que o governo pretende cumprir as metas de superávit primário "com todas as medidas que forem necessárias", permitindo com isso que o governo continue realizando suas políticas públicas, com foco nas medidas de inclusão social.
A política fiscal conduzida nos últimos anos tem sido alvo de críticas de investidores, que consideram-na excessivamente expansionista e pouco transparente.