O presidente do BC afirmou que o enfrentamento da crise no Brasil é diferente das economias avançadas. Segundo Tombini, não se faz política monetária por analogia (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2013 às 17h16.
Brasília - O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse nesta terça-feira que projeções indicam um crescimento da atividade econômica em 2013 em torno de 3%. De acordo com Tombini, estas projeções indicam sustentabilidade no processo de recuperação da produção brasileira. Ele destacou, em audiência na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, o crescimento da produção industrial nos últimos meses e que deve ir na mesma direção no segundo trimestre de 2013.
Tombini destacou o recorde na produção de automóveis e caminhões. Também lembrou que há a perspectiva de uma safra agrícola recorde em 2013, 14% maior que a safra passada. "A perspectiva positiva na agricultura reflete em outros eventos, como na venda de máquinas agrícolas", disse.
Lógica
O presidente do BC afirmou que o enfrentamento da crise no Brasil é diferente das economias avançadas. Segundo Tombini, não se faz política monetária por analogia. O presidente do banco disse que as economias maduras enfrentam outros tipos de dificuldades, como a recuperação lenta do emprego nos Estados Unidos e o agravamento do mercado de trabalho na Europa.
Tombini afirmou que nestas economias ocorrem estímulos de política monetária, mas no Brasil atua-se por vários canais. O presidente do BC disse, por exemplo, que é preciso ajudar que a queda nos preços dos alimento no atacado chegue mais rápido ao varejo. "Tem uma deflação de 6% do alimento no atacado e no varejo está elevada. Temos de ajudar a passar mais rápido para o consumidor. Temos um papel importante a cumprir neste momento para que o benefício que está no atacado desde o início do ano passe para o consumidor", afirmou. Conforme ele, a atuação do BC visa transmitir confiança na economia brasileira.
Câmbio
Tombini afirmou que a taxa de câmbio "se moveu" do começo de 2012 para cá e que não há indicações para onde vai. No entanto, na análise do presidente da instituição fiannceira, o que interessa para competição é o câmbio real e não o nominal, que pode ser neutralizado pela inflação. "Não adianta desvalorização acompanhada por inflação", disse.
Tombini reiterou que o BC controla a inflação. "O importante é que o câmbio é flexível", afirmou. Ele declarou que o movimento da taxa depende de eventos externos, como o preço das commodities. Também lembrou que nos últimos dias o maior fortalecimento do dólar levou outras moedas a se desvalorizar em relação ao dólar. "Tem de ter esta flexibilidade para a economia absorver choques positivos e negativos", argumentou.
Japão
O presidente do Banco Central afirmou que a autoridade monetária ainda não percebeu a chegada no "lado brasileiro" do mais de US$ 1 trilhão oriundos da política não convencional japonesa. "Estamos observado o reflexos disso no mercado internacional, mas nós ainda não vimos esses recursos aqui do nosso lado", disse.
Segundo ele, o Japão não é único país a inundar o mercado com dólares, visto que os Estados Unidos e a Europa também fazem uso dessa política. "Parece que essas economias estão em velocidades distintas da economia global, mas os EUA estão mais avançados que o Japão e a Europa. Isso pode contrabalançar questão de fluxos para países emergentes", acrescentou. Tombini avaliou ainda que a questão financeira dos bancos europeus preocupa menos, após o pacote lançado pelo banco central europeu no fim de 2012. "Na questão da crise financeira houve progresso, já para o crescimento é preciso esperar 24 meses", concluiu.