Economia

Tombini diz que crescimento ocorre com preços sob controle

O BC projeta que o PIB brasileiro crescerá 2,5 por cento neste ano

Alexandre Tombini falando no CAE, do Senado (Ueslei Marcelino/Reuters)

Alexandre Tombini falando no CAE, do Senado (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2012 às 16h33.

São Paulo - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta sexta-feira que o crescimento da economia vai acelerar nos próximos trimestres, mas que o movimento ocorrerá com preços sob controle. Para ele, os efeitos das medidas adotadas pelo governo para a recuperação econômica ainda vão continuar, e com mais força.

"Os efeitos dos estímulos já introduzidos ainda não se manifestaram plenamente sobre a atividade. Mas a economia já vem parcialmente respondendo a eles, e essa resposta tende a se profundar", afirmou Tombini ao participar de evento do setor automotivo, em São Paulo.

Nos últimos dois dias, indicadores sinalizaram que a recuperação pode ter começado com um pouco mais de força, e deram corpo ao discurso mais otimista do governo, apesar de o mercado ainda ver com cautela os indicadores, mesmo considerando os dados positivos.

Nesta manhã, o próprio BC mostrou que o seu indicador de atividade (IBC-Br), considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), subiu 0,75 por cento no mês frente a maio. É a maior variação mensal desde março de 2011, quando a expansão ficou em 1,47 por cento.

O BC projeta que o PIB brasileiro crescerá 2,5 por cento neste ano. O governo tem adotado medidas para estimular a economia, como redução de impostos a setores produtivos.


As vendas no varejo também surpreenderam ao registrarem alta de 1,5 por cento em junho ante maio, bem acima da expectativa do mercado.

Em seu discurso, Tombini fez questão de ressaltar que essa recuperação da atividade se dá diante de um cenário de inflação sob controle.

"As estimativas dos próprios participantes de mercado e dos organismos internacionais apontam para a aceleração do crescimento ao longo dos próximos trimestres. E esse cenário irá se materializar em ambiente de preços sob controle, com inflação convergindo para a meta, embora esse não seja um processo linear", afirmou ele.

A meta de inflação é de 4,5 por cento pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. Nas últimas semanas, no entanto, os preços têm sofrido mais pressão por conta dos alimentos.

O próprio IPCA, em julho, acelerou a alta para 0,43 por cento devido a problemas climáticos que pressionaram os preços dos alimentos "in natura". Assim, o mercado elevou pela quinta vez seguida a projeção para a inflação neste ano, para 5,11 por cento.

Tombini afirmou, no entanto, que o BC aguarda informações adicionais para fazer uma avaliação mais precisa da intensidade e duração do choque da oferta sobre os preços, sobretudo no setor de alimentos.

Discurso mantido - Analistas do mercado financeiro afirmaram que Tombini usou o mesmo tom que vem utilizando para reforçar o otimismo na economia e a aposta que os efeitos das medidas de estimulo ainda vão se materializar.


O economista-chefe da WestLB, Luciano Rostagno, afirmou que o discurso não trouxe novidades e, deste modo, sem possíveis novas indicações sobre os rumos da atividade econômica.

"Não há nada que pudesse afetar as apostas para a política de juros. Tem argumento para quem tem um 'call' para mais um corte, e para quem acha que o ciclo vai se alongar ate outubro", afirmou Rostagno.

No próximo dia 29, o Comitê de Política Monetária (Copom) definirá a nova Selic --hoje na mínima histórica de 8 por cento ao ano-- e o mercado esperava que mais um corte de 0,50 ponto percentual ocorra, assim como mais uma redução de 0,25 ponto em outubro.

Crédito - O presidente do BC afirmou também que a autoridade monetária está atenta à sustentabilidade do crescimento do mercado de crédito no Brasil.

"O BC... não hesitará em adotar medidas necessárias quando identificar qualquer tipo de risco à estabilidade do sistema financeiro e da própria economia", acrescentou.

Mesmo assim, Tombini avaliou que, apesar dos riscos, há espaço para o crédito continuar crescendo. "Uma análise atenta pelo lado da oferta e da demanda por crédito sugere haver espaço para que este continue se expandindo de forma sustentável nos próximos anos." Na visão do economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, Tombini está deixando claro que o BC vai atuar para não repetir o cenário de 2010, quando o crédito cresceu de maneira acelerada, sobretudo nos financiamentos automotivos. Isso levou a autoridade monetária a adotar medidas macroprudenciais para segurar essa expansão.

O presidente do BC citou como argumento para a expansão do mercado de crédito o nível reduzido do endividamento familiar e a queda na inadimplência. "O endividamento das famílias brasileiras não é elevado quando comparado com o de outras economias, e as dívidas são mais de curto prazo, o que facilita uma rápida recomposição dos balanços", comentou.

Para enfrentar esse cenário, Tombini lembrou que estão sendo gerados postos de trabalho e que a renda está em expansão. "(Isso) aumenta a capacidade de tomar crédito com segurança." O presidente do BC disse ainda que o calote nos financiamentos de automóveis vai se normalizar.

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