Economia

Tombini escreverá carta a Levy por inflação superá 6,5%

O presidente ressaltou que a meta de inflação de 2015 é de 4,5%, mas que o mercado financeiro projeta taxa de 10,61% para o ano


	Tombini: o presidente ressaltou que a meta de inflação de 2015 é de 4,5%, mas que o mercado financeiro projeta taxa de 10,61% para o ano
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Tombini: o presidente ressaltou que a meta de inflação de 2015 é de 4,5%, mas que o mercado financeiro projeta taxa de 10,61% para o ano (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2015 às 14h01.

Brasília - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, admitiu pela primeira vez oficialmente que terá de escrever a carta aberta ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por deixar a inflação superar o teto de 6,5% este ano, descumprindo, assim, as regras do sistema de meta de inflação.

"O regime de metas vem sendo cumprido de 2011 e 2014, nos últimos quatro anos", afirmou durante café da manhã nesta quinta-feira, 17, com jornalistas, na sede do BC.

O presidente ressaltou que a meta de inflação de 2015 é de 4,5%, mas que o mercado financeiro (Focus) projeta taxa de 10,61% para o ano. Ele lembrou que o regime de metas contempla o que deve ser feito pelo BC em caso de descumprimento: escrever a carta aberta.

Nesse documento, o BC precisa explicar as razões de a meta não ter sido atingida, mas medidas que serão tomadas e em que prazo isso se dará.

"Já adiantamos que o grande ajuste de preços relativos fez isso, e não há política monetária que compense choques dessa magnitude", afirmou. As razões, portanto, que estarão na carta, de acordo com o presidente, estão relacionadas com esses choques (em especial administrados e câmbio).

Tombini lembrou que, até outubro, o horizonte para a convergência da inflação para a meta trabalhada pelo BC era 2016. Mas que depois disso passou a dizer que a convergência pra 4,5% passou a ser 2017. "É isso o que vamos perseguir", afirmou.

Para o ano que vem, o presidente disse que o BC terá de usar as regras de tolerância estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), ou seja usar a banda de 2 pontos porcentuais para entregar a inflação. "Vamos perseguir convergência para 4,5% em 2017 e cumprir objetivo do regime em 2016", resumiu.

Rebaixamento

Menos de 24 horas depois da retirada do grau de investimento do Brasil pela Fitch, o presidente do Banco Central assegurou que o primeiro impacto da decisão na evolução dos fluxos de capitais para o País tem sido recebido com um "muita tranquilidade" pelos mercados.

Tombini informou que o BC está monitorando em tempo real a movimentação dos fluxos de capitais.

Pela primeira vez, o presidente do BC admitiu que a perda do grau de investimento pela segunda agência já era esperada.

"Essas coisas não aconteceram da noite para o dia. Havia um sentimento que isso poderia acontecer. Os mercados já estavam se preparando para esse possibilidade", afirmou.

Ele indicou que a desvalorização do real de mais de 30% tornaram os investimentos mais baratos para estrangeiros e nacionais. Lembrou que a entrada líquida de dólares está em US$ 10 bilhões no País este ano, o que é positivo nas atuais circunstâncias.

"Não estamos vendo um grande impacto", disse Tombini. Ele ressaltou que a previsão de ingresso de investimento estrangeiro direto é de US$ 65 bilhões.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingAlexandre TombiniBanco CentralEconomistasEmpresasFitchInflaçãoJoaquim LevyMercado financeiroPersonalidades

Mais de Economia

Manifestantes se reúnem na Avenida Paulista contra escala 6x1

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto