Energia elétrica: Tolmasquim comemorou o número recorde de projetos inscritos no leilão A-5 (Bruno Vincent/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2014 às 13h50.
Rio - A retração do preço da energia no mercado livre para abaixo de R$ 600 por megawatt-hora (MWh), como aconteceu nos últimos dias, é um indicativo de que é possível reduzir o uso de usinas térmicas, mais custosa aos consumidores do que as hidrelétricas, informou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, que participou nesta segunda-feira, 02, do IV Seminário sobre Matriz e Segurança Energética Brasileira, realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Após o evento, Tolmasquim comemorou o número recorde de projetos inscritos no leilão A-5, de 1.041 unidades, com capacidade total de geração de 50.906 megawatts (MW) e entrega prevista para 2019.
A concorrência ocorrerá no dia 12 de setembro. "O número é superlativo. É o maior leilão do mundo em termos de interessados", afirmou.
O desafio, contudo, está na apresentação de garantias de que há gás natural disponível para atender à demanda das usinas térmicas, disse Tolmasquim.
Ao todo, estão inscritas no leilão dez usinas térmicas a gás, mas, o número maior de usinas na concorrência, 708 unidades, será o de eólicas.
Neste ano, serão realizados três leilões de energia. Além do A-5, marcado para 12 de setembro, ocorrerá um leilão A-3 (com entrega prevista para 2017) na próxima sexta-feira, e mais um leilão de reserva, em 10 de outubro, quando serão ofertadas usinas de fonte solar, eólica e de resíduos sólidos.
Neste caso, a perspectiva, segundo Tolmasquim, é de que as usinas fotovoltaicas tenham mais chance de serem vendidas do que no leilão A-5, no qual concorrem com outras fontes de geração, mais competitivas, como as hidrelétricas e térmicas.
Um quarto leilão, o da hidrelétrica do Rio Tapajós, ainda poderá ocorrer neste ano, a depender da liberação de licenciamento socioambiental. Entretanto, o presidente da EPE acredita que o "tempo seja bem apertado para isso, dado o tamanho do projeto".
Tolmasquim voltou a defender que o cenário no setor elétrico atual difere muito daquele de 2001, época do racionamento.
Ele argumenta que houve uma mudança estrutural, que afasta o risco de não haver eletricidade para prover as distribuidoras: o crescimento da capacidade ofertada superou o avanço do consumo; houve uma diversificação da matriz energética; e cresceu a capacidade de interligação entre os diferentes submercados consumidores.
O presidente da EPE garantiu ainda que a oferta de energia no País é suficiente para garantir o crescimento sustentável do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos.
"Nós temos como perspectiva um crescimento do PIB em torno de 4,5% ao ano nos próximos dez anos. Se nós prepararmos o Brasil para crescer nesse ritmo, ele estará preparado para outras situações", garantiu o executivo.