Romero Jucá: "estamos dizendo que o modelo de taxa anterior não era bom para o Brasil", disse o senador (Valter Campanato/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de agosto de 2017 às 10h42.
Brasília - Por que o sr. defende a TLP no lugar da TJLP?
A TLP vai possibilitar mais transparência na concessão de subsídios, porque a TJLP é feita ao livre-arbítrio dos ministros da Fazenda e do Planejamento e do presidente do Banco Central. Você não consegue, com esse livre-arbítrio, "hedgear" (proteger) nenhuma operação que tenha como lastro a TJLP, porque você não sabe o que é o futuro. Na hora que você tem uma equação de nota do Tesouro e mais o que está definido, você tem condições de o mercado ler o que está para frente pelos indicadores. O segundo ponto é que a TJLP dá subsídio indireto, não tem transparência. Nós defendemos que os subsídios sejam dados, quando necessário, mas via Orçamento e com decisão do Congresso. Terceiro ponto: a TLP vai trazer mais equilíbrio ao mercado de juro, mesmo de médio e longo prazos, e fará com que o juro estrutural possa baixar para todos. Porque hoje você tem 40% tendo muito subsídio e 60% bancando o custo do sistema todo.
O sr. acredita que a mudança pode acarretar problemas para o Brasil na OMC, como argumenta o senador José Serra?
Não é verdade. Não estamos dizendo que antes a operação era irregular. Estamos dizendo que o modelo de taxa anterior não era bom para o Brasil. Você não reajustava corretamente o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que hoje é deficitário em R$ 20 bilhões, e na hora que você não remunera bem você descompensa o fundo. Então, essa mudança de visão do governo não tem nada a ver em dificultar a visão da OMC.
Acredita que haverá algum tipo de flexibilização na MP no Senado, como a inclusão de exceções para alguns setores?
Não. Vamos defender a aprovação do jeito que vier da Câmara. Qualquer mudança será muito ruim para a economia. Nós vamos debater com argumentos sólidos. Não só a base do governo, mas quem defende uma economia moderna. Eu posso dar o exemplo do senador Armando Monteiro (PTB-PE), que não é da base, mas contribuiu com a discussão e vota a favor. O próprio Serra é da base e vota contra. São visões de mundo econômico diferentes. A gente respeita, mas vamos defender a aprovação do jeito que está.