Publicação afirma que ação Lèt Agogô, implantada depois de terremotos no Haiti, foi inspirada em Bolsa Família (.)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2010 às 19h56.
Brasília - A revista britânica The Economist, que chega às bancas nesta quinta-feira (15), questiona os programas de cooperação internacional brasileiros. Segundo a publicação, o Brasil está se tornando um dos maiores doadores internacionais para países necessitados, como o Haiti.
A publicação destaca que uma das iniciativas de mais sucesso depois dos terremotos no Haiti é a transformação da cooperativa de laticínios Lèt Agogô (algo como 'Bastante Leite', em crioulo) em um projeto que encoraja as mães a levarem os filhos para a escola, em troca de refeições gratuitas. A reportagem diz que o programa é baseado no brasileiro Bolsa Família. Também é destacada a fazenda experimental de algodão da Embrapa em Mali (região norte da África), e as obras da empreiteira Odebrecht em Angola.
O texto afirma que, sem atrair muita atenção, o Brasil está rapidamente se tornando um dos maiores provedores de ajuda para os países pobres, mas que os números oficiais não refletem esta situação. "A Agência Brasileira de Cooperação (ABC) tem um orçamento de apenas R$ 52 milhões para este ano, mas estudos de institutos da Inglaterra e do Canadá estimam que outras entidades brasileiras gastem 15 vezes mais do que o orçamento da ABC em programas próprios de assistência técnica." (Confira tabela de contribuições abaixo).
Para a Economist, o auxílio enviado para a África ajuda o Brasil a competir com China e Índia para uma influência de "poder-suave" nos países em desenvolvimento. "Também apóia o país em sua busca solitária por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU." Mas o texto afirma, também, que as cooperações brasileiras têm um lado comercial. "O Brasil é o produtor de etanol mais eficiente do mundo, mas não pode criar um mercado global de combustível verde sendo o único provedor real. Espalhar a tecnologia do etanol em países pobres cria novos fornecedores e aumenta a chance para as empresas brasileiras."
A Economist destaca que muita coisa deverá mudar no sistema de cooperação para chegar "no ponto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aspira." A reportagem diz que o país ainda possui certos pontos de pobreza típicos de terceiro mundo, e mandar dinheiro para fora poderia ser "controverso". No entanto, a revista afirma que, aos poucos, a situação está mudando e que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, se eleita, considerará a ideia de uma nova agência de desenvolvimento de cooperação internacional.
Auxílio | Valor (em milhões de US$) |
---|---|
Associação Brasileira de Cooperação | 30 |
Outras cooperações técnicas | 440 |
Ajuda humanitária | 30 |
PNUD | 25 |
Programa Alimentar Mundial | 300 |
Gaza | 10 |
Haiti | 350 |
Total de auxílios diretos | 1.200 |
Empréstimos do BNDS para países em desenvolvimento (entre 2008 e 2010) | 3.300 |
Fonte: The Economist | Elaboração: EXAME.com