Mansueto Almeida: segundo o secretário do Tesouro, o déficit primário do setor público consolidado deve fechar 2018 em R$ 129,8 bi , bem abaixo do rombo de R$ 161,3 bi estipulado como meta para este ano (Cristiano Mariz/Exame)
Reuters
Publicado em 12 de setembro de 2018 às 14h43.
São Paulo - O Tesouro Nacional vai se concentrar em vender títulos públicos mais curtos até novembro para não aumentar o custo da dívida pública, afirmou nesta quarta-feira o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, em meio à volatilidade que vem afetando os mercados com as eleições presidenciais.
Na semana passada, o Tesouro já havia anunciado que assumiria mais risco ligado à Selic em 2018, emitindo mais papéis que flutuam com a taxa básica que o inicialmente previsto, em resposta a condições adversas do mercado.
Na ocasião, o Tesouro avaliou que o custo dos títulos prefixados havia aumentado sensivelmente, a cerca de 12,5 por cento para um papel de 10 anos, razão pela qual o Tesouro estava priorizando a emissão de títulos flutuantes que pagam taxa Selic.
Esses papéis pós-fixados são mais demandados por investidores quando há percepção de aumento do risco, sentimento que vem se intensificando diante da imprevisibilidade na corrida presidencial e a temores quanto ao compromisso com reformas econômicas por parte do candidato eleito.
Durante participação no Brasil Risk Summit, realizado pela Thomson Reuters em São Paulo, Mansueto também afirmou que o governo do presidente Michel Temer preparou um projeto de simplificação tributária que poderá ser enviado ao Congresso em novembro, após as eleições.
Se o próximo governo eleito tiver interesse na investida, ela será encaminhada, afirmou ele.
Segundo Mansueto, o déficit primário do setor público consolidado deve fechar 2018 em 129,8 bilhões de reais, bem abaixo do rombo de 161,3 bilhões de reais estipulado como meta para este ano.
Mansueto disse que a cifra será ajudada, do lado das despesas, por bilionários recursos empoçados em ministérios.
O secretário do Tesouro já vinha chamando atenção para esse fenômeno, apontando que embora o dinheiro tivesse sido liberado para pagamento, não estava sendo executado pelas pastas na Esplanada por uma série de amarras e vinculações.
Já do lado das receitas, Mansueto destacou que a arrecadação em algumas áreas está vindo melhor que o esperado.
Alimentada por incertezas com as eleições presidenciais e desdobramentos na cena externa, a disparada do dólar aumentou a geração de receitas vindas de royalties e parte dos impostos, que responderam por quase metade da alta na arrecadação geral neste ano, ressaltando a ajuda que o câmbio vem dando aos cofres públicos num ambiente de lenta recuperação econômica, forte capacidade ociosa das empresas e alto desemprego no país.
No fim de agosto, Mansueto já tinha apontado que o resultado primário neste ano viria cerca de 30 bilhões de reais melhor que a meta, guiado também por melhor performance das empresas estatais e dos governos regionais.