Economia

Tesouro usou R$ 20 bilhões de colchão da dívida para acalmar mercado

A reserva de recursos financeiros que cobre cerca de sete meses de vencimentos, passou de R$ 575 bilhões para cerca de R$ 555 bilhões nos últimos 30 dias

Gasto foi referente um mês de atuação no mercado com recompra de títulos públicos (Foto/Thinkstock)

Gasto foi referente um mês de atuação no mercado com recompra de títulos públicos (Foto/Thinkstock)

AB

Agência Brasil

Publicado em 29 de junho de 2018 às 18h58.

Última atualização em 29 de junho de 2018 às 19h30.

Em um mês de atuação no mercado, o Tesouro Nacional gastou R$ 20,651 bilhões na recompra de títulos públicos. A informação foi divulgada hoje (29) pelo órgão. O papel mais retirado de circulação foi a Nota do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F), título prefixado de longo prazo, cujas recompras somaram R$ 11,175 bilhões.

Em seguida, o Tesouro recomprou R$ 6,176 bilhões de Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-B), título corrigido pela inflação. Por fim, o governo tirou de circulação R$ 3,299 bilhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), título prefixado de médio prazo.

Desde 28 de maio, durante a paralisação dos caminhoneiros, o Tesouro tem usado o colchão da dívida pública - reserva de recursos financeiros - para recomprar títulos federais e reduzir a volatilidade no mercado. O colchão da dívida, que cobre cerca de sete meses de vencimentos de títulos do Tesouro, passou de R$ 575 bilhões para cerca de R$ 555 bilhões nos últimos 30 dias.

De acordo com o Tesouro, as recompras têm como objetivo diminuir a instabilidade no sistema financeiro, fornecer um referencial de preços para o mercado e diminuir o risco de papéis prefixados de prazo mais longo e taxas maiores em circulação.

Normalmente, os investidores que querem se desfazer dos títulos públicos e embolsar os ganhos até o momento os vendem no chamado mercado secundário, onde os papéis já emitidos pelo Tesouro trocam de mãos. No entanto, em momentos de instabilidade, como o atual, o excesso de vendedores no mercado secundário faz o preço dos títulos despencar.

Para evitar que os investidores vendam papéis com elevado deságio, o Tesouro Nacional entra no mercado para comprar títulos, pagando preços melhores. Ao atuar no sistema financeiro, o Tesouro também fornece uma referência para o mercado secundário, que terá que oferecer preços mais atraentes para os investidores que querem se desfazer dos papéis. Para o governo, a recompra ajuda ainda a retirar do mercado papéis mais afetados pela turbulência financeira, reduzindo o custo da dívida pública para o Tesouro.

Além de recomprar papéis, o Tesouro fez leilões extraordinários. Nesses leilões, o governo oferece lotes menores que os habituais com títulos de prazos mais curtos. Desde 7 de junho, o Tesouro vendeu R$ 1,542 bilhão em leilões extraordinários. Desse total, foram vendidos R$ 636,5 milhões em NTN-F, R$ 542,6 milhões em NTN-B e R$ 362,7 milhões em LTN.

Atuações

O Tesouro Nacional informou que a intensidade das atuações, de agora em diante, dependerá das condições do mercado e serão reavaliadas a cada sete dias. O órgão anunciou hoje a atuação na próxima semana.

Os leilões tradicionais de NTN-F da semana que vem serão cancelados. Haverá leilão de recompra de NTN-B na terça (3/7) e de recompra de NTN-F na quarta (4/7). Na quinta-feira (5/7), o leilão tradicional de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), papel corrigido pela taxa Selic (juros básicos da economia), está mantido. O Tesouro, no entanto, definirá na última hora se fará o leilão tradicional de LTN previsto também para a próxima quinta.

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