Notas de 50 reais: Tesouro admitiu que o recente estresse do mercado coloca em risco a meta de aumentar a parcela de títulos prefixados e reduzir a dívida atrelada à Selic (Marcos Santos/usp imagens)
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2013 às 22h30.
Brasília - O Tesouro Nacional reforçou nesta quinta-feira que atuará no mercado da dívida pública sempre que julgar que as taxas estejam em desequilíbrio, mas admitiu que o recente estresse do mercado coloca em risco a meta de aumentar a parcela de títulos prefixados e reduzir a dívida atrelada à Selic neste ano.
"O anúncio de novas bandas (para a composição da dívida em títulos federais) depende de avaliação a ser feita nas próximas semanas. Pode ter alteração nas bandas mas isso não é uma preocupação agora", disse o subsecretário do Tesouro, Paulo Valle, em entrevista nesta quinta-feira.
O Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida mobiliária federal, anunciado no início do ano e no qual são estabelecidas metas de gestão da dívida, fixou que a parcela de títulos prefixados deveria fechar o ano entre 41 e 45 por cento, enquanto a fatia dos papéis indexados à taxa Selic deveria variar 14 e 19 por cento.
Mas a recente volatilidade nos mercados, decorrente da forte alta do dólar, aumentou o apetite dos investidores por títulos atrelados à Selic, as chamadas Letras Financeiras do Tesouro Nacional (LFT), que embutem menos riscos em caso de um aperto monetário mais forte.
Sobre a estratégia para aplacar a volatilidade, Valle disse que o Tesouro não adotará um cronograma fixo de realização de leilões extraordinários, ao contrário do que decidiu nesta quinta-feira o Banco Central para o mercado de câmbio.
O BC anunciou no início da noite que irá intervir no mercado de câmbio diariamente até o fim do ano, com a realização de quatro leilões de swap cambial e um leilão de venda de dólares no mercado à vista com compromisso de recompra por semana.
O subsecretário reforçou, no entanto, a mensagem de que o Tesouro atuará sempre que o mercado de títulos estiver disfuncional. Ele também frisou que não há risco para o financiamento da dívida interna.
"A conta única do Tesouro soma 450 bilhões de reais, não cabe falar em dificuldade de pagamento da dívida", disse Valle. "Até janeiro de 2014 o financiamento da dívida interna está garantido." Em junho, no último dado disponível, o estoque da dívida pública mobiliária interna estava em 1,9 trilhão de reais, sendo 39,31 por cento em títulos prefixados e 21,44 por cento em títulos indexados à taxa Selic.
Antes do acirramento da volatilidade nos mercados de câmbio e de juros provocados por incertezas nos rumos da economia norte-americana, o Tesouro ainda considerava que poderia continuar reduzindo a dívida atrelada à Selic.
Mas a disparada do dólar e a decorrente instabilidade no mercado de títulos --com os detentores de papéis prefixados buscando hedge de suas posições-- alteraram esse cenário, impondo maiores dificuldades na melhora do perfil da dívida brasileira.