Dinheiro: em julho, o Tesouro Nacional fez resgate líquido de R$ 51,533 bilhões (Marcos Santos/usp imagens)
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2014 às 16h25.
Brasília - No acumulado do primeiro semestre de 2014, a Dívida Pública Federal (DPF) subiu em relação ao estoque da DPF no fim de 2013.
O estoque registra no período uma alta de 2,37%, ou R$ 50,37 bilhões. Até abril, o estoque da dívida vinha em trajetória de queda com o resgate líquidos de papéis.
Segundo os dados do Tesouro Nacional, divulgados nesta quarta-feira, 27, de janeiro a julho houve um resgate líquido de R$ 80,017 bilhões e uma apropriação de juros de R$ 131,214 bilhões.
Dessa forma, o estoque da DPF, que ao final de dezembro de 2013 era de R$ 2,122 trilhões, subiu a R$ 2,202 trilhões no mês passado.
Em julho, o Tesouro Nacional fez resgate líquido de R$ 51,533 bilhões.
Plano Anual de Financiamento (PAF)
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Fernando Garrido, disse que o estoque e todos os demais indicadores da dívida devem terminar o ano dentro das bandas do Plano Anual de Financiamento (PAF).
A menor emissão em julho e o menor volume no mercado secundário ocorreu em função da Copa da Mundo.
"Durante a Copa a gente observou uma queda no volume negociado de títulos, mas já era previsto", afirmou.
O técnico ainda afirmou que as taxas flutuaram em julho, mas que a tendência é de queda. A taxa média negociada no leilão de 3 de julho, para NTN-B 2018, foi 11,99% ao ano.
No leilão de 21 de agosto, esse mesmo título foi negociado a 11,80% ao ano.
"Temos visto uma ligeira tendência de queda", disse.
"O mercado entende que a possibilidade de aumento de taxas de juros está menor até 2018. Estão prevendo taxas menores", justificou.
Questionado sobre o impacto das eleições no mercado de títulos, Garrido afirmou que é difícil dizer qual é o peso de cada fator.
Ele ressaltou que o estoque da DPF, em termos de composição, teve vencimento grande de prefixados por ser "cabeça de trimestre".
Ainda assim, ele ponderou que as estimativas continuam dentro do PAF e que as expectativas serão alcançadas.
"Todos estão bem próximos das bandas previstas para o fim do ano, estimativas serão cumpridas", disse em relação às metas do PAF.
O coordenador-geral do Tesouro Nacional explicou também que os investidores não residentes aumentaram sua participação na dívida pública brasileira.
Segundo ele, os R$ 385 bilhões na carteira de não residentes é o maior volume já registrado pelo Tesouro Nacional. Garrido disse ainda que a participação de 18,5% em relação ao total de detentores da dívida pública é a maior para investidores estrangeiros.
Tesouro Direto
Garrido relatou também que em julho de 2014 teve aumento de 6.333 novos investidores no Tesouro Direto e que esse foi o segundo maior número da série, desde 2002, quando foi lançado o programa. O único mês superior a esse valor foi janeiro de 2012.
"Isso é consequência da atratividade do programa, do bom momento para compra de títulos públicos em função das elevadas taxas de rentabilidade para o investidor", avaliou Garrido.
Tivemos também volume expressivo de compras.
De janeiro a julho foram emitidos mais de R$ 3 bilhões no Tesouro Direto.
Garrido, afirmou que o órgão tem identificado grande interesse por título de médio e longo prazo, tanto no Tesouro Direto quanto nos leilões. "Os investidores acreditam que é mais vantajoso comprar título mais longo", disse.
Ele ponderou, no entanto, que o Tesouro tem uma política de estimular a liquidez no mercado secundário e por isso não lança títulos mais longos do que tem emitido atualmente.
"Aquele investidor que compraria o título de 20 anos deixaria de comprar o de 10 anos. Seria um volume tão inexpressivo e o Tesouro prefere concentrar em uma maturação só", observou garrido.
Ainda segundo ele, os prazos de 7 e 10 anos de prefixados são os pontos de referência de médio e longo prazo para o Tesouro Nacional.