Economia

Tensão entre EUA e Irã é teste para retomada da economia global

Ataque aéreo dos EUA no Iraque que matou um dos generais mais poderosos do Irã é um lembrete de como a perspectiva permanece frágil

Manifestantes queimam bandeira dos EUA após ataque no Iraque: tensão pode afetar qualquer sentimento positivo sobre economia global (Nazanin Tabatabaee/Reuters)

Manifestantes queimam bandeira dos EUA após ataque no Iraque: tensão pode afetar qualquer sentimento positivo sobre economia global (Nazanin Tabatabaee/Reuters)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 3 de janeiro de 2020 às 11h48.

Última atualização em 3 de janeiro de 2020 às 14h42.

Logo agora que a economia mundial estava se estabilizando após seu pior desempenho em uma década, o ataque aéreo dos EUA no Iraque que matou um dos generais mais poderosos do Irã é um lembrete de como a perspectiva permanece frágil.

O acordo comercial provisório entre os EUA e a China havia ampliado as expectativas de que o crescimento global começaria a se recuperar este ano. A confiança nos negócios vem melhorando lentamente à medida que os principais indicadores da indústria mostram sinais de retomada.

Agora, a tensão entre os EUA e o Irã pode afetar qualquer sentimento positivo. Uma alta sustentada dos preços do petróleo - os futuros em Londres e Nova York avancaram mais de 4% após o ataque - prejudicaria economias que dependem de importações de energia e pesaria sobre a demanda do consumidor.

“Logo agora que o mercado começou a ficar aliviado com o risco de escalada da guerra comercial, outro evento de risco aparece aparentemente do nada”, disse Wellian Wiranto, economista da Oversea-Chinese Banking Corp. em Cingapura.

Disparada do petróleo

Muito dependerá do comportamento dos preços do petróleo. Uma alta forte da commodity teria um impacto negativo significativo nas economias além do Oriente Médio.

Custos mais altos de energia impactam as economias de diferentes maneiras. Os países importadores líquidos de energia verão a renda e os gastos das famílias prejudicados, e a inflação poderá acelerar. Como maior importador mundial de petróleo, a China é vulnerável; muitos países europeus também dependem de energia importada.

Os mercados emergentes que dominam a lista de países produtores de petróleo podem obter maiores receitas, ajudando a reduzir os déficits em conta corrente.

Ainda assim, Charlie Robertson, economista-chefe da Renaissance Capital em Londres, disse que as preocupações com os custos mais altos de energia associados à turbulência geopolítica vieram e desapareceram várias vezes na última década.

Embora sempre exista o risco de interrupções no fornecimento ameaçarem o crescimento econômico, há anteparos importantes de resistência, disse.

“As reservas estratégicas de petróleo provavelmente são grandes o suficiente nos EUA, na China e na UE para lidar com as perturbações nas instalações de petróleo sauditas ou no Estreito de Ormuz.”

Riscos

Após o assassinato do general iraniano, o petróleo Brent superou US$ 69,00 por barril, o preço mais alto desde os ataques à infraestrutura de petróleo da Arábia Saudita em setembro.

“Esta é a última coisa que o mundo precisa”, disse Howie Lee, economista da OCBC com sede em Cingapura. “Se os preços do petróleo subirem, a alta inflação resultante provavelmente irá descarrilhar a recuperação econômica. Apesar de toda a atenção que a guerra comercial EUA-China recebeu, é um lembrete de que ainda existem outros riscos.”

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