O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, coordena reunião do Copom (Elza Fiúza/ABr)
Da Redação
Publicado em 25 de julho de 2014 às 11h35.
São Paulo - As medidas do Banco Central anunciadas nesta sexta-feira, 25, não surpreenderam o economista Sílvio Campos Neto, da consultoria Tendências.
Segundo ele, o ajuste de compulsórios, e outras decisões para estimular o crédito e injetar dinheiro na economia, estão alinhadas à mensagem divulgada pela autoridade monetária na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na quinta-feira, 24.
"Com o cenário de crédito crescendo de forma mais moderada, o BC já havia dado sinais de afrouxamento macroprudencial", disse. "As medidas vêm em linha com a reformulação do parágrafo de 25", avaliou.
O profissional refere-se ao parágrafo, no documento conhecido ontem, no qual o Comitê destaca que o cenário central também contempla expansão moderada do crédito.
"Importa destacar que, após anos em forte expansão - arrefecida com a introdução de medidas macroprudenciais em finais de 2010 - o mercado de crédito voltado ao consumo passou por uma moderação, de modo que, nos últimos trimestres observaram-se, de um lado, redução de exposição por parte de bancos, de outro, desalavancagem das famílias. No agregado, portanto, infere-se que os riscos no segmento de crédito ao consumo vêm sendo mitigados. Em outra dimensão, o Comitê considera oportunas iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito".
Para Campos Neto, a decisão de hoje do BC confirma um cenário de ações controversas, com a manutenção da taxa básica de juros em níveis elevados para controlar a inflação e, por outro lado, as medidas adotadas hoje de estímulo ao crédito diante do esfriamento do consumo, ponderou o economista.
"O quadro é muito adverso, com a economia caminhando para uma estagnação, mas a inflação ainda não cedendo e o BC tenta equilibrar as duas situações", disse.
No entanto, o economista pondera que os resultados advindos das mudanças anunciadas nesta sexta-feira são "muito duvidosos". "Hoje as famílias estão mais cautelosas para partir para novas decisões de consumo e aumentar seu endividamento", comentou.
Para ele, o setor automotivo pode até perceber alguma consequência positiva, mas o enfraquecimento da demanda por crédito e o mercado de trabalho mais frio não compõem um cenário favorável ao consumo.