Indústria de máquinas: desde o pico observado em 2012, setor já demitiu cerca de 12 mil pessoas (Andrey Rudakov/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2014 às 16h50.
São Paulo - A tendência para o emprego na indústria de máquinas e equipamentos mecânicos é de queda, afirmou Carlos Pastoriza, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
No ano até agosto, o número de pessoal ocupado está 2,5% abaixo do nível observado em 2013.
Desde o pico observado em 2012, quando o total de pessoas ocupadas era de 260.699, o setor já demitiu cerca de 12 mil pessoas.
"Sentimos uma forte tendência de que isso se acelere, até devido à baixa carga de pedidos em carteira", afirmou.
Em agosto, foi observada uma queda de 0,9% na carteira de encomendas ao setor na comparação com julho, embora 2% acima do observado em agosto do ano passado.
"Com esse nível de pedidos em carteira, já estão contratadas as demissões para os próximos meses", disse.
Para o presidente da Abimaq, essa tendência de demissões continuará até que o próximo governo sinalize uma mudança nos rumos da economia brasileira, de modo a recolocar a atividade de volta nos trilhos do crescimento.
Reformas
De acordo com Pastoriza, o sentido de urgência no setor de máquinas e equipamentos por reformas é muito grande.
Em coletiva de imprensa, ele disse ser essencial a aprovação das reformas previdenciária, tributária e política.
"Se no próximo mandato não forem feitas as grandes reformas, temo que vamos para um caminho sem retorno", disse.
Ele acrescentou que os candidatos à Presidência estão sensíveis a esse sentido de urgência.
Para ele, a melhor estratégia seria aprovar as reformas para que elas entrem em vigor somente no futuro, e não imediatamente, para que a aprovação fosse mais fácil.
Pastoriza explicou que o Brasil não está em crise no momento, uma vez que a inflação continua sob controle, o balanço de pagamentos ainda está equilibrado e o nível de emprego continua bom, mas afirmou que vivemos uma crise de expectativas.
"Nós não precisamos de dinheiro para amanhã, mas precisamos que o governo aponte para a sociedade os caminhos que vão colocar o Brasil nos trilhos", cobrou.
O presidente da Abimaq classificou a reforma política como a principal, uma vez que a partir dela será possível realizar as demais. Para ele, essas reformas poderão conduzir os juros para um patamar mais baixo e, dessa forma, favorecer um ciclo de investimento produtivo.