Cana de açúcar para a produção de etanol: ainda é cedo para quantificar perdas nas safras, vistas como prováveis no Estado de São Paulo (Claudio Perez/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 31 de janeiro de 2014 às 17h19.
São Paulo - O tempo quente e seco em áreas do centro-sul do Brasil tem deixado produtores de cana e café em alerta, com alguns especialistas apontando redução no potencial produtivo pelo tempo adverso especialmente em São Paulo.
No entanto, ainda é cedo para quantificar perdas nas safras, vistas como prováveis no Estado de São Paulo, o principal produtor de cana do Brasil.
Os especialistas acrescentaram que é preciso avaliar a condição das chuvas durante o mês de fevereiro.
"A seca vai ter impacto, sem dúvida nenhuma, para baixo... Mas neste momento é difícil avaliar em quanto", disse o sócio-diretor da consultoria Job Economia, Julio Borges, especialista no setor sucroalcooleiro.
Na avaliação do consultor, a nova safra de cana do centro-sul, que responde por cerca de 90 por cento da produção do Brasil, deve ficar abaixo do previsto inicialmente. Em novembro, ele previu a moagem em um recorde de 617 milhões de toneladas.
O gestor de riscos da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa, reforçou que ainda é cedo para fazer avaliações sobre o tamanho da safra, mas também vê possíveis impactos negativos.
Ele disse que produtores do centro-oeste de São Paulo relataram que as chuvas na região ficaram em janeiro em torno de 50 milímetros, contra a média histórica acima de 400 milímetros.
"É uma redução muito grande, mas o quanto isso vai impactar é que precisamos ver. Ainda é muito cedo para falar", disse.
Corrêa explicou que em situações de seca a cana começa a consumir seu próprio açúcar, o que reduz a produtividade da planta.
O meteorologista da Somar Meteorologista, Marco Antonio dos Santos, disse que agora é preciso acompanhar o regime de chuvas nos próximos 20 dias, e seu impacto nas áreas de cana do centro-sul.
"O problema não é apenas quantidade, mas a qualidade das chuvas", disse, acrescentando nesta época do ano podem ocorrer chuvas até acima da média histórica, mas concentradas em curtos períodos ou regiões, trazendo benefícios limitados para as culturas em campo.
A Somar indicou que janeiro foi o mês mais quente na história do Estado de São Paulo, e que as chuvas vieram bem abaixo da média. E a perspectiva é de precipitações somente em meados de fevereiro.
Café
O agrometeorologista da Somar disse também em nota que os cafezais ainda contam com níveis satisfatórios de umidade no solo, acrescentando que as altas temperaturas tanto diurnas quanto noturnas são o problema maior, por ora, uma vez que esgotam as plantas.
Segundo ele, como forma de defesa ao calor, a planta "paralisa" seu metabolismo "para que não perca tanta água e assim entre em depauperamento".
O grande problema, acrescentou Santos, "não é o passado e presente, mais sim o futuro".
Segundo os modelos meteorológicos de médio prazo, destacou ele, até o dia 20 de fevereiro não estão sendo previstas chuvas sobre as regiões cafeeiras que possam vir a reverter por completo o quadro de baixa disponibilidade hídrica.
"Assim... é muito provável que os cafezais entrem em estresse hídrico ao longo desse período, afetando, desse modo, o enchimento de grãos. Com isso, os grãos ficarão mais leves e de menor tamanho", afirmou.
De acordo com ele, é certo que haverá uma redução na produção de café no Brasil por conta do clima em 2014/15. A questão é saber "com exatidão o tamanho dessa quebra, uma vez que não haverá uma ausência total de chuvas e muito menos chuvas ao ponto de reverter esse quadro".