Michel Temer: para o economista José Roberto Mendonça de Barros, presidente interino deve seguir a linha de Itamar, e não de Sarney (Adriano Machado / Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2016 às 11h00.
Ribeirão Preto - O economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, afirmou, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o presidente interino Michel Temer (PMDB) poderá seguir, na gestão da economia, um dos caminhos já tomados por outros vices peemedebistas que assumiram a Presidência em circunstâncias extraordinárias: José Sarney e Itamar Franco.
Para o economista, ao ser ratificado no cargo com a confirmação da cassação de Dilma Rousseff, Temer deveria seguir a linha de Itamar "e enfrentar o problema maior que é tirar o Brasil dessa cavalar crise", e descartar o adotado por Sarney, "um exemplo de acomodação do ponto de vista econômico".
Mendonça de Barros avaliou que embora Sarney, ao assumir o cargo, em 1985, tenha agido bem ao implantar a democracia após a ditadura militar, o cenário durante mandato do ex-presidente foi de acomodação em relação à crise. O economista considera, aliás, que essa foi a ação de Temer durante a interinidade do governo, iniciada em maio. "Se (Temer) continuar, como nos últimos meses, apenas acomodando a situação como fez Sarney, podemos ter problemas", afirmou ele durante evento em Ribeirão Preto (SP).
Collor
Já o governo de Itamar, iniciado em outubro de 1992 após a cassação do ex-presidente e atual senador Fernando Collor, começou "titubeante e cheio de problemas" na avaliação de Mendonça de Barros, mas terminou "muito bem porque ele enfrentou os problemas da economia", opção que deveria ser seguida por Temer. "A vantagem é que está evidente para todos, e certamente para o Planalto, que o problema maior, o fiscal, tem de ser enfrentado", disse o economista.
Mendonça de Barros avalia que o mercado deve dar alguma trégua a Temer logo após ele ser efetivado na Presidência e que será necessária a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita à inflação os gastos públicos, para o presidente em exercício ter a confiança ratificada. "A PEC dos gastos será o divisor de águas e tem de ser aprovada até o final do ano, lembrando que há a dificuldade de reunir o Congresso por conta das eleições."
O sócio da MB Associados avaliou como fundamental a materialização das metas fiscais previstas com déficits de R$ 170,5 bilhões, para 2016 e de R$ 139 bilhões, para 2017 e ainda "medidas infraconstitucionais para caminhar nessa direção", como a renegociação da dívida dos Estados."Se (Michel Temer) continuar, apenas acomodando a situação como fez Sarney, podemos ter problemas". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.