Michel Temer: com dificuldades em aprovar a reforma da Previdência, o governo decidiu ceder e, na semana passada, anunciou algumas mudanças (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de abril de 2017 às 18h46.
Última atualização em 10 de abril de 2017 às 18h51.
Obstinado com a aprovação da reforma da Previdência, o presidente Michel Temer fará nesta terça-feira, 11, de manhã uma reunião com líderes dos partidos da base aliada, integrantes da comissão - incluindo o relator Arthur Maia (PPS-BA) - e com os líderes e vice-líderes do governo na Câmara.
A previsão é de que a fala inicial do presidente seja aberta à imprensa.
Na pauta, a discussão de como será a flexibilização dos cinco pontos que o governo já aceitou ceder.
O objetivo do presidente ao ouvir os deputados é conseguir a garantia de que a maior parte dos partidos feche questão sobre o tema e mostre compromisso com o governo.
Na tarde desta segunda-feira, 10, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) estão coordenando uma reunião com técnicos e líderes da base, numa espécie de prévia para o encontro de amanhã.
Com dificuldades em aprovar a reforma da Previdência, o governo decidiu ceder e, na semana passada, anunciou alterações na regra de transição, na aposentadoria do trabalhador rural, nos regimes especiais para policiais e professores, no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e nas pensões.
Segundo interlocutores o objetivo do governo é assegurar "um texto razoável" na comissão especial para, então, partir para a votação no plenário.
Temer quer assegurar que o calendário proposto não seja ainda mais atrasado e garantir que o texto seja aprovado - na Câmara e no Senado - ainda no primeiro semestre.
A tacada final de Temer será um jantar para 400 pessoas na véspera da leitura do relatório de Maia, prevista para acontecer no dia 18.
Na segunda-feira (17), Temer abrirá os salões do Alvorada e, num gesto de apreço aos parlamentares, adiantará o conteúdo do relatório que será lido no dia seguinte.
Concessões
No Planalto, já não é voz isolada quem diz que se o presidente conseguir ao menos aprovar a idade mínima já será "uma grande vitória" do governo.
Um auxiliar bastante próximo ao presidente ressaltou que instituir a idade mínima já será um passo importante para reduzir as inúmeras fraudes do sistema e admitiu que o governo pode ceder no caso da idade das mulheres.
Segundo essa fonte, a pressão da bancada feminina está muito forte e, como há pouca margem de manobra para as negociações, as chances de que haja uma diferenciação entre gêneros se torna mais concreta, apesar de resistências da equipe econômica.
De acordo com esse auxiliar, ainda não foi batido o martelo sobre a questão, mas o ponto é sensível, pois as deputadas cobram uma espécie de "conquista" para anunciar ao eleitorado e ajudar a justificar o voto a favor da reforma.
O mais provável é que a diferenciação não ultrapasse os 5 anos. A aposta é que fique em torno de 62 ou 63 anos.
Uma outra fonte do governo disse que a diferenciação da idade por gênero não deve constar no relatório final de Maia e seria uma espécie de "carta na manga" para as negociações em Plenário.