Temer: "A Previdência será mais justa com os mais pobres. E mais rígida com os mais ricos. Por exemplo, políticos não terão mais aposentadoria especial" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de abril de 2017 às 22h10.
Brasília - Depois de admitir flexibilizações no texto da reforma da Previdência e negar que as alterações representem um recuo, o presidente Michel Temer afirmou, em vídeo divulgado nesta noite de quinta-feira, 6, nas redes sociais do Palácio do Planalto, que "a reforma da Previdência trará mais igualdade para todos".
Temer fez questão de dizer que a reforma é a herança que ele quer deixar e destacou que sem ela não haverá crescimento econômico.
"Com a aprovação da reforma, teremos crescimento e desenvolvimento econômico, criação de empregos e novas oportunidades para os brasileiros. Essa, meus amigos e minhas amigas, é a grande herança que queremos deixar para o futuro", afirma.
Segundo o presidente a reforma "trará mais igualdade para todos".
"A Previdência será mais justa com os mais pobres. E mais rígida com os mais ricos. Por exemplo, políticos não terão mais aposentadoria especial. Nem servidores públicos. Nosso país não tem mais espaço para privilégios", destacou.
Hoje, após reunião com o relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), e com ministros, o presidente autorizou modificações na proposta em relação a cinco temas: regra de transição, aposentadoria rural, Benefício de Prestação Continuada, pensões e aposentadorias especiais de professores e policiais.
"A reforma estabelece novos padrões para o futuro: todos terão que contribuir por 25 anos para se aposentar. E a idade mínima para pedir o benefício da aposentadoria será de 65 anos. Haverá, contudo, regras de transição para os casos das pessoas que estejam mais próximas de se aposentar", explicou Temer.
"Estamos compreendendo também a situação do homem e da mulher do campo, que sabidamente, pelas adversidades que enfrentam na área rural, precisam de condições diferenciadas. As pessoas com deficiência também terão um olhar especialíssimo do Governo", completou.
Temer disse ainda que os críticos à proposta existem "por discordância política ou por desconhecimento da realidade" e afirmou ser "necessário e urgentíssimo" reformar nosso sistema previdenciário.
"O rombo das contas aumenta a cada ano. Nós tivemos a coragem de enfrentar esse problema. Não é um desejo só meu, nem dos deputados e senadores. É uma obrigação de todos", declarou.
O presidente afirmou que não "podemos ficar parados diante desse problema que cresce a cada minuto".
"Estamos trabalhando para fazer um futuro melhor para todos os brasileiros. Tenho a mais absoluta certeza de que nossos filhos e netos, num futuro breve, reconhecerão a coragem dos que enfrentaram esse problema."
Logo no início de sua fala, gravada na segunda-feira, Temer diz que é preciso que a população seja esclarecida sobre a reforma e ressaltou que os direitos adquiridos não serão perdidos.
"Quem está aposentado não perderá nada. Ninguém mexerá nos seus direitos. Se você é aposentado, pode ficar tranquilo. Segundo: Quem já tem direito a aposentar-se, também não perderá nada. O seu direito continuará a valer plenamente. Você não precisa correr para se aposentar porque não há mudança no seu caso", afirma.
Temer gravou a defesa da reforma da Previdência um dia depois de a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, derrubar liminar pedida pelo Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Rio Grande do Sul (Sintrajufe) e que foi concedida pela 1ª Vara Federal de Porto Alegre, e confirmado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), atendendo recurso da Advocacia-Geral da União (AGU). A liminar retirou do ar toda a publicidade do governo, seja em rádio, televisão, jornal e internet.
Agora, além do vídeo divulgado nesta quinta nas redes sociais, o governo prepara peças que devem ser veiculadas em cadeia de rádio e TV.