Bob, o robô-segurança, que faz estágio no escritório da G4S (Divulgação)
João Pedro Caleiro
Publicado em 22 de julho de 2014 às 15h32.
São Paulo - Mais da metade dos empregos da União Europeia correm o risco de sumir nas próximas décadas por causa do avanço tecnológico, segundo o think tank Bruegel.
O cálculo tem como base um estudo feito no final do ano passado por Carl Benedikt Fre e Michael A. Osborne, da Universidade de Oxford.
A dupla analisou detalhadamente 702 tipos de ocupação com critérios de "necessidade de inteligência social", "criatividade" e "percepção e manipulação" para avaliar quais são mais vulneráveis à substituição por computadores no espaço de 10 a 20 anos.
O Bruegel pegou esses dados e aplicou para o cenário europeu. As estimativas variam entre menos da metade de empregos vulneráveis (como nos Estados Unidos) até mais de 60%.
Naturalmente, os países mais ricos do norte (como Noruega) tem menos empregos em risco do que os periféricos (como Romênia). Nos 28 países do bloco, a média ficou em 54% (veja infográfico).
A razão para isso é que a tecnologia tem obtido sucesso em terrenos que até pouco tempo atrás eram considerados exclusivos da ficção científica (como carros que se dirigem sozinhos e ferramentas de inteligência coletiva).
No livro "A Segunda Era das Máquinas", Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee afirmam que um ponto de inflexão foi atingido e deve levar a uma mudança econômica equivalente à Revolução Industrial.
A importância crescente do conhecimento também amplia (e vai ampliar cada vez mais) o fosso de oportunidades entre os mais e menos qualificados, piorando a distribuição de renda, como alertou a OCDE em relatório com perspectivas para os próximos 50 anos.
De uma forma ou de outra, os números devem ser vistos com algum ceticismo. É impossível prever quantos e que tipos de empregos serão gerados pelas novas tecnologias, e com qual velocidade elas serão adotadas em cada lugar.
Previsões de longo prazo com base em avanços técnicos dependem de muitas variáveis, e alguns autores alertam que o risco da automatização tem sido superestimado.