Economia

TCU rejeita contas de Dilma em 2014 por unanimidade

Ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) seguiram o o relator Augusto Nardes no seu parecer negativo sobre as contas de 2014 do governo federal

Augusto Nardes e outros ministros do TCU (Tribunal de Contas da União)
 (Valter Campanato/Agência Brasil)

Augusto Nardes e outros ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) (Valter Campanato/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 7 de outubro de 2015 às 20h23.

São Paulo – Os ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) seguiram o o relator Augusto Nardes e deram parecer negativo sobre as contas de 2014 do governo federal em decisão unânime (entenda a questão). 

O TCU é um órgão consultivo, então a decisão não tem efeito prático imediato. Será encaminhada ao Congresso sugerindo a reprovação e deve passar por uma Comissão Mista de Orçamento e pelo plenário da Câmara e do Senado. 

"As nações fracassam quando as instituições deixam de cumprir com a sua missão", disse Nardes na sua conclusão.

Em sua exposição, ele falou de 15 indícios de irregularidades nas contas públicas do ano passado, tais como contingenciamentos não realizados. O governo federal fechou 2014 com déficit primário de 0,6% do PIB, o primeiro desde 2000.

O principal argumento foi a utilização de “pedaladas fiscais”, o adiamento de repasses aos bancos públicos para pagamento de benefícios sociais, vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000.

A lei não estabelece valores específicos e o governo alega que a prática é comum e vem de governos anteriores. Tecnicamente, o fluxo de caixa entre bancos e o Tesouro nunca é exato em um dado momento.

Para Nardes, os valores das pedaladas em 2014 são de outra escala: R$ 40 bilhões. Junto com outras irregularidades, somariam R$ 106 bilhões. Ele disse que houve uma política expansiva sem transparência e que passou ao largo das ferramentas de praxe.

Em defesa antes da sua fala, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, disse que o tema "adquiriu um contorno excessivamente político" e citou a retirada de famílias do Bolsa Família como prova de que o governo estava disposto a ajustes orçamentários em 2014. 

Manobra

No começo da semana, Adams havia pedido o afastamento do ministro Nardes com o argumento de que ele antecipou o seu voto em declarações públicas, o que iria contra a Lei Orgânica da Magistratura e o princípio da imparcialidade.

Hoje mais cedo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux negou o pedido e manteve o julgamento. O pedido foi novamente tratado e indeferido no início da sessão do TCU de hoje.

Dos 9 ministros do TCU, 6 são indicados pelo Congresso, 1 pelo presidente e 2 entre auditores e membros do Ministério Público que funciona junto ao órgão. Nenhum foi indicado por Dilma.

Defensores do impeachment dizem que a reprovação indica crime de responsabilidade e é base jurídica suficiente para o afastamento da presidente; especialistas divergem.

Até este ano, o Congresso não havia votado as contas federais dos últimos 12 anos, o que começou a fazer para liberar a votação das contas de 2014.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffGoverno DilmaImpeachmentPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresTCU

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto