BNDES: o serviço de auditoria foi realizado pela consultoria Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, custou R$ 48 milhões, mas não encontrou qualquer irregularidade (Nacho Doce/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 17h50.
Brasília — O Tribunal de Contas da União (TCU) pediu nesta sexta-feira explicações ao BNDES a respeito da contratação de uma auditoria para investigar contratos do banco público com a empresa J&F, controladora da JBS. Em despacho, o ministro Augusto Sherman deu à estatal 20 dias para enviar esclarecimentos. Também nesta sexta, o Ministério Público junto ao TCU (MP-TCU) entrou com uma representação solicitando que a corte investigue o contrato.
O serviço foi realizado pela consultoria Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, custou R$ 48 milhões, mas não encontrou qualquer irregularidade. A investigação foi iniciada em 2018, ainda no governo do ex-presidente Michel Temer. Desde que assumiu o cargo, o presidente Jair Bolsonaro vem cobrando da gestão do banco que abra o que chama de "caixa preta" do BNDES.
Como o GLOBO revelou nesta sexta, o custo da auditoria foi reajustada duas vezes nestes dois anos. Inicialmente, a investigação custaria ao banco US$ 6 milhões (ou, na cotação atual, cerca de R$ 25 milhões), praticamente metade do valor final.
No despacho, que não é público mas teve o seu teor confirmado pelo TCU, Sherman pede que o BNDES dê detalhes sobre a contratação do serviço, "em especial quanto à sua economicidade", informou a corte em nota.
Após a emissão do despacho, o MP-TCU entrou com a representação para que a corte investigue a contratação do serviço.
Antes do TCU, outras instituições já haviam questionado a contratação da auditoria. Na quarta-feira, a Organização dos Advogados do Brasil (OAB) também pediu esclarecimentos ao banco de fomento sobre os custos da investigação.
Procurado, o BNDES ainda não retornou.