Porto de Xangai: navios transportam o principal ingrediente para a fabricação de aço de minas gigantes no Brasil e na Austrália para usuários na China e na Europa (Qilai Shen/Bloomberg)
Ligia Tuon
Publicado em 31 de janeiro de 2020 às 17h28.
A crise do coronavírus na China sacudiu muitos mercados este mês. Mas talvez nenhum tenha sido tão afetado quanto o frete.
As taxas para os gigantes navios Capesize, normalmente usados para transportar matérias-primas como minério de ferro, caíram 90% em relação ao pico de setembro, para menos de US$ 4 mil por dia, com base em um índice que rastreia os ganhos.
O Índice Baltic Dry, mais amplo, acumula queda superior a 50% em janeiro, atingindo o menor nível desde 2016 com o agravamento do surto, em um mercado de frete já fraco por causa do Ano Novo Lunar.
A queda nas taxas de frete destaca o peso da China nos mercados globais de commodities, com o novo coronavírus impactando do petróleo ao cobre.
“Esperamos que a fraqueza persista em meio à incerteza sobre a duração dos efeitos do vírus”, disse Ralph Leszczynski, chefe de pesquisa da corretora de navios Banchero Costa & Co. Sazonalmente, as taxas já são baixas em janeiro por causa do Ano Novo Lunar e menor demanda no Brasil devido ao mau tempo, e o vírus é um fator extra de baixa, disse Leszczynski.
O minério de ferro é a maior carga a granel seca em volume, com fluxos marítimos anuais totalizando cerca de 1,6 bilhão de toneladas. Os navios transportam o principal ingrediente para a fabricação de aço de minas gigantes no Brasil e na Austrália para usuários na China e na Europa.
Mineradoras minimizaram as preocupações. A australiana Fortescue Metals disse que a preocupação com o vírus está afetando as expectativas, mas não o comércio físico de minério de ferro. A Vale disse que as operações nos portos asiáticos estão normais.