Economia

Taxa de juros: Lira diz que BC só terá como indicar queda após anúncio do arcabouço fiscal

Em meio a críticas do governo à manutenção da Selic em 13,75% ao ano, o deputado afirmou que a autoridade monetária não pode se guiar por um texto de regra fiscal

Ao comentar o arcabouço fiscal, o deputado voltou a elogiar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. (Lula Marques/Agência Brasil)

Ao comentar o arcabouço fiscal, o deputado voltou a elogiar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. (Lula Marques/Agência Brasil)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 23 de março de 2023 às 15h25.

Última atualização em 23 de março de 2023 às 15h36.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quinta-feira, 23, que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central só terá instrumentos para indicar uma possível baixa na taxa básica de juros após o anúncio do novo arcabouço fiscal que será apresentado pelo Ministério da Fazenda. Em meio a críticas do governo à manutenção da Selic em 13,75% ao ano, o deputado afirmou que a autoridade monetária não pode se guiar por um texto de regra fiscal que ainda nem é público.

"Quando você faz uma análise econômica, técnica, o Copom não pode ficar longe da meta de inflação. Se a meta de inflação está longe, está distante da régua, e ele baixa os juros, a gente corre o risco de ter um processo inflacionário. E o processo inflacionário custa muito mais caro que o efeito danoso do aumento dos juros", afirmou Lira a jornalistas.

Ao comentar o arcabouço fiscal, o deputado voltou a elogiar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O ministro, segundo ele, tem agido com "muita coerência" e tem o respaldo da Câmara em relação ao texto da regra que substituirá o atual teto de gastos. Lira afirmou que o petista tem "tido dificuldades de um lado e de outro", mas tem transitado com "serenidade" para chegar a um texto equilibrado do projeto de lei complementar do arcabouço.

"O Copom não pode fazer uma análise em cima de uma perspectiva de um texto que sequer foi apresentado. Mas, com o texto apresentado, o Copom vai ter instrumentos para começar a fazer a indicação da baixa de juros responsável", declarou Lira, ao defender um "armistício" entre Fazenda, Planalto, BC e Congresso para se discutir o arcabouço fiscal na volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da China.

Na terça-feira, 21, Lira disse que continuaria ajudando o Executivo nas discussões sobre a regra fiscal. O presidente da Câmara também afirmou, durante um jantar, que tem dado "todos os sinais públicos" para o fortalecimento de Haddad. A expectativa era de que a proposta de arcabouço fiscal fosse apresentada ainda nesta semana, mas Lula decidiu adiar o anúncio para depois de sua viagem à China, que ocorrerá de 26 a 31 de março.

Arcabouço Fiscal no Congresso

Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), "receberam bem" as linhas gerais do arcabouço mostradas a eles por Haddad. Na proposta, havia gatilhos para que o gasto público tenha um perfil "anticíclico" e para que possa haver crescimento de despesas em momentos de desaceleração econômica. Esses gatilhos estariam atrelados à arrecadação.

No último dia 16, o ministro da Fazenda já havia se reunido com Lira para tratar da regra fiscal. Logo depois do encontro, em entrevista à GloboNews, o presidente da Câmara elogiou a interlocução de Haddad com o Congresso.

De acordo com interlocutores, Lira vê em Haddad o único integrante do governo que entende o contexto político atual, de polarização do País, e vê o ministro se esforçando para "construir pontes".

Acompanhe tudo sobre:Arthur Liraeconomia-brasileiraNovo arcabouço fiscalCongresso

Mais de Economia

Mesmo com alíquota de IVA reduzida, advogado pode pagar imposto maior após reforma; veja simulações

Subsídios na China fazem vendas de eletrônicos crescer até 400% no ano novo lunar

Conta de luz não deve ter taxa extra em 2025 se previsão de chuvas se confirmar, diz Aneel

Após receber notificação da AGU, TikTok remove vídeo falso de Haddad