Economia

Taxa de investimento no 3º tri é a menor no tri desde 2006

Crise econômica: em 2006, a taxa de investimento estava em 17,5%, hoje está em 18,1%


	Crise econômica: em 2006, a taxa de investimento estava em 17,5%, hoje está em 18,1%
 (Thinkstock/Uelder Ferreira)

Crise econômica: em 2006, a taxa de investimento estava em 17,5%, hoje está em 18,1% (Thinkstock/Uelder Ferreira)

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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2015 às 13h37.

Rio - A taxa de investimento de 18,1% no terceiro trimestre deste ano foi a menor registrada para terceiros trimestres desde 2006. Àquela época, a taxa de investimento estava em 17,5%.

Os dados são das Contas Nacionais Trimestrais, divulgados nesta terça-feira, 1º de dezembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IBGE também informou que os serviços de engenharia, transportes e as viagens dos brasileiros ao exterior registraram queda no terceiro trimestre de 2015 em relação a igual período do ano passado, contribuindo para o recuo de 20,0% nas importações de bens e serviços nesta comparação.

Também recuaram o volume de aluguéis de equipamentos e as importações de veículos, máquinas e tratores e artigos de metalurgia e siderurgia, apontou o órgão.

"Com a taxa de câmbio mais desvalorizada e a demanda interna mais fraca, as empresas estão demandando menos, assim como as famílias, com deterioração do emprego e da renda, estão consumindo menos importados e viajando menos", explicou Claudia Dionísio, gerente de Contas Trimestrais do IBGE.

Nas exportações, a alta de 1,1% ante o terceiro trimestre de 2014 foi puxada pelos setores de agropecuária, siderurgia, metalurgia, extrativa mineral, veículos e celulose. Mesmo assim, o segmento de serviços contribuiu negativamente, segundo Claudia.

"A parte de transportes, viagens internacionais e de serviços de engenharia estão com queda, afetando as exportações", apontou a gerente. Neste caso, as exportações de viagens consideram a vinda de estrangeiros para o Brasil, de acordo com o IBGE.

Oferta de crédito

Ainda nas análises do IBGE, a queda de 4,5% do consumo das famílias no terceiro trimestre ante o mesmo trimestre de 2014 refletiu um conjunto de fatores, como a deterioração dos indicadores de emprego e renda, a restrição do crédito, os juros altos e a inflação.

"Temos queda real na oferta de crédito e alta nos juros, o que torna o consumo mais difícil", disse Claudia Dionísio.

O crescimento nominal no saldo das operações de crédito do sistema financeiro nacional para pessoas físicas no período foi de 4,4%. No entanto em termos reais, isto é, descontada a inflação, houve queda.

Ao mesmo tempo a taxa Selic atingiu no terceiro trimestre o patamar de 14% ao ano, contra 10,9% ao ano no terceiro trimestre de 2014, uma alta expressiva.

A alta das taxas de juros se somou a uma inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 9,5% no trimestre, indicador que rodava a 6,6% no terceiro trimestre do ano passado.

Consumo do governo

Também para o IBGE, a alta de 0,3% no consumo da administração pública no terceiro trimestre ante o segundo trimestre de 2015 não significa necessariamente um aumento de gastos do governo.

"Não quer dizer que o governo está gastando mais", disse Claudia Dionísio, explicando que pode ser tratar de uma variação estatística.

Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o consumo do governo veio com retração de 0,4%. O dado inclui despesas correntes para o funcionamento da máquina pública, mas também despesas com saúde e educação. "Tem uma despesa um pouco mais engessada, que não pode ser cortada", diz. A técnica preferiu não fazer relação do dado com o momento de restrição fiscal.

Indústria de transformação

Quanto à indústria de transformação, a queda de 11,3% no terceiro trimestre de 2015 ante o mesmo trimestre do ano anterior foi puxada por um recuo nos bens de capital, segundo Claudia Dionísio.

"Boa parte desse impacto negativo está relacionada a bens de capital. Todas as categorias de uso caíram no terceiro trimestre, mas a maior queda foi de bens de capital", afirmou.

Entre os destaques negativos estão as atividades de máquinas e equipamentos, automotiva, produtos eletrônicos e equipamentos de informática, produtos de metal, mobiliário e farmacêuticos e farmoquímicos.

A indústria da transformação tem o maior peso no total do PIB industrial, o equivalente a 48,7%. Em segundo lugar está a construção, com uma fatia de 27,7%.

"Transformação mais construção pesam 75% da indústria", lembrou a pesquisadora do IBGE. "Transformação é o que pesa mais, então a indústria como um todo está negativa", acrescentou.

A queda de 6,3% na construção civil no terceiro trimestre foi influenciada pelo crédito mais restrito, taxas de juros mais altas e nível de confiança mais baixo.

Serviços

Claudia Dionísio também afirmou que os setores de Comércio, Transportes e Outros Serviços foram os principais responsáveis pela queda de 2,9% no Produto Interno Bruto (PIB) de Serviços no terceiro trimestre de 2015 em relação a igual período de 2014.

Juntos, eles respondem por quase metade de todo o PIB de Serviços.

Segundo o órgão, os Outros Serviços teve queda de 3,5% no PIB no terceiro trimestre em relação a igual período do ano passado. O segmento pesa sozinho 24% na atividade de Serviços.

Claudia explicou que os serviços de alimentação fora de casa e os serviços prestados às empresas foram as principais influências nesta categoria.

"No caso da alimentação fora de casa, isso tem a ver com renda em queda a inflação em alta. Tem o efeito preço, também, que contribui para que as pessoas substituam, parem de comer fora", disse a gerente.

Já no caso dos Serviços Prestados às Empresas, os mais afetados são os Serviços Jurídicos e Consultorias em Geral. "Quando uma empresa desacelera, ela vai cortar em alguma coisa. A parte de consultorias, tudo isso está em queda", afirmou Claudia.

O segundo maior peso dentro de Serviços vem do Comércio (18,3%), cujo PIB recuou 9,9% no terceiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2014. Já nos Transportes, cujo peso é de 6,2% dentro de serviços, o PIB encolheu 7,7% nesta base de comparação.

O PIB de Serviços de informação, por sua vez, encolheu 1,5% no período. Segundo Claudia, o segmento de Desenvolvimento de Softwares teve desempenho positivo, mas o setor de Telecomunicações e de TV por Assinatura, mais importantes dentro da atividade, acabaram determinando o resultado negativo.

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