Desemprego: em igual período de 2019, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 11,0% (Amanda Perobelli/Reuters)
Reuters
Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 09h52.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2021 às 12h28.
O Brasil encerrou 2020 apontando para alguma recuperação no mercado de trabalho ao registrar queda da taxa de desemprego no quarto trimestre para 13,9%, mas ainda assim a taxa média do ano passado foi a mais alta em oito anos diante da paralisação por causa da pandemia.
A taxa de desemprego informada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, depois de alcançar 14,6%% no terceiro trimestre o maior patamar na comparação trimestral da série histórica da Pnad Contínua.
“O recuo da taxa no fim do ano é um comportamento sazonal por conta do tradicional aumento das contratações temporárias e aumento das vendas do comércio. É interessante notar que mesmo num ano de pandemia, o mercado de trabalho mostrou essa reação”, destacou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
No entanto, a taxa média de desocupação para o ano de 2020 foi de 13,5%, a maior desde 2012, interrompendo a queda na desocupação iniciada em 2018, quando ficou em 12,3%. Em 2019, o desemprego foi de 11,9%.
De acordo com o IBGE, no intervalo de um ano a população ocupada caiu em 7,3 milhões de pessoas, chegando ao menor número da série anual.
“Saímos da maior população ocupada da série, em 2019, com 93,4 milhões de pessoas, para 86,1 milhões em 2020. Pela primeira vez na série anual, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país”, completou Beringuy, acrescentando que o nível de ocupação em 2020 foi de 49,4%.
O mercado de trabalho brasileiro sofreu com as medidas de restrição à pandemia, e costuma ser o último a se recuperar em tempos de crise. As incertezas agora giram em torno da possibilidade de novo auxílio emergencial às famílias.
"A pandemia provocou um desarranjo no mercado de trabalho informal e formal. Para reagir e recuperar, é preciso ter estímulos. A questão é saber se vai absorver tanta gente", disse Berenguy. "Temos uma variável relevante que é um ambiente de controle sanitário crítico e decisivo."
O desemprego permanece em níveis elevados mesmo após o relaxamento das medidas de contenção ao coronavírus permitirem o reorno das pessoas ao mercado de trabalho, e agora enfrenta novo desafio com o aumento do número de mortes no país.
No quarto trimestre, o país contabilizava 13,925 milhões de pessoas desempregadas, um recuo ante 14,092 milhões no terceiro trimestre. No quarto trimestre de 2019 eram 11,632 milhões de desempregados.
Ao mesmo tempo, o total de pessoas ocupadas registrou aumento de 4,5% no quarto trimestre sobre os três meses anteriores, chegando a 86,179 milhões. Mas houve queda de 8,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Os empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada eram 29,885 milhões, alta de 1,8% sobre o terceiro trimestre.
Mas o contingente daqueles que não tinham carteira assinada aumentou 10,8% no quarto trimestre sobre os três meses anteriores, a 9,985 milhões.
O resultado do quarto trimestre foi puxado pelo aumento na ocupação em quase todos os grupos de atividades: agricultura (3,4%), indústria (3,1%), construção (5,2%), comércio (5,2%), alojamento e alimentação (6,5%), informação e comunicação (5,8%) outros serviços (5,9%), serviços domésticos (6,7%) e administração pública (2,9%). Apenas transporte ficou estável.
Em 2020, o rendimento médio real dos trabalhadores foi de 2.543 reais, um aumento de 4,7% em relação a 2019, segundo o IBGE.
O Brasil fechou 2020 computando a criação de 142.690 vagas de trabalho com carteira assinada no ano, de acordo com dados d Ministério da Economia. Em dezembro, o país fechou 67.906 vagas formais de trabalho, a menor perda para o mês desde 1995.