Economia

Desemprego no Brasil sobe a 8,9% no 3º tri, mostra Pnad

No trimestre até agosto, a taxa havia alcançado 8,7 por cento e havia ficado em 8,3 por cento no segundo trimestre


	Carteira de Trabalho: no trimestre até agosto, a taxa havia alcançado 8,7 por cento
 (Daniela de Lamare)

Carteira de Trabalho: no trimestre até agosto, a taxa havia alcançado 8,7 por cento (Daniela de Lamare)

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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2015 às 09h37.

Rio de Janeiro - A parcela da população brasileira que está em busca de um emprego cresceu a uma taxa recorde no terceiro trimestre deste ano, comparada com igual período de 2014, e chegou perto de 9 milhões de pessoas, com a recessão no país provocando maior busca por vagas e perdas de rendimento.

No trimestre passado, mostrou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, a população desocupada --aqueles que tomaram alguma providência para conseguir trabalho, saltou 33,9 por cento em relação ao terceiro trimestre de 2014, recorde para a série iniciada em 2012, o que significa 2,274 milhões de pessoas a mais procurando uma vaga, somando ao todo 8,979 milhões.

Em relação ao segundo trimestre, o aumento foi de 7,5 por cento, ainda segundo a Pnad Contínua, divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Diante desse cenário, a taxa de desemprego medida pelo levantamento subiu a 8,9 por cento no trimestre passado, renovando o maior patamar histórico pela quinta vez seguida na pesquisa.

No segundo trimestre deste ano, a taxa havia ficado em 8,3 por cento, chegando a 8,7 por cento no trimestre até agosto. A leitura também mostrou forte piora em relação ao terceiro trimestre do ano passado, quando o desemprego estava em 6,8 por cento.

"As pessoas estão perdendo emprego e tentando se realocar. Há uma dificuldade para se recolocar no mercado", disse o coordenador da pesquisa no IBGE, Cimar Azeredo.

A expectativa em pesquisa da Reuters junto a economistas era de que o desemprego chegasse a 8,9 por cento no terceiro trimestre.

Neste ano o mercado de trabalho não vem conseguindo gerar vagas, ao mesmo tempo em que enfrenta aumento da procura por trabalho num ambiente de inflação e juros elevados que provoca insegurança nos empresários.

Ainda segundo a Pnad Contínua, a população ocupada registrou queda de 0,1 por cento nos três meses até setembro sobre o trimestre anterior, atingindo 92,090 milhões de pessoas, e recuo de 0,2 por cento sobre o mesmo trimestre de 2014.

O IBGE adota a comparação com o trimestre imediatamente anterior ao período anunciado para evitar repetição de dados.

O nível de ocupação, que mede a parcela da população ocupada em relação àquela em idade de trabalhar, caiu a 56 por cento no trimestre até setembro, contra 56,2 por cento nos três meses até junho.

Em relação à renda média real habitual, houve recuo de 1,2 por cento no terceiro trimestre sobre o segundo, e estável sobre o mesmo período de 2014, para 1.889 reais.

Diante da recessão no país, agravada por indefinições fiscais e crise política afetam as decisões de investimento, nem mesmo o período de fim de ano deve dar algum alento.

"Até a virada do ano ainda tende a piorar. O comércio, de onde vem a maioria das contratações temporárias no Natal, está muito fraco e não deve haver melhora como em outros anos", disse a economista da CM Capital Markets Jessica Strasburg.

Pesquisa Focus do Banco Central junto a uma centena de especialistas aponta que a contração do Produto Interno Bruto (PIB) projetada para este ano é de 3,15 por cento e de 2,01 por cento em 2016.

Na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, que leva em conta dados apurados apenas em seis regiões metropolitanas do país e será substituída pela Pnad Contínua no começo do próximo ano, a taxa de desemprego chegou em outubro a 7,9 por cento, maior nível para o mês desde 2007.

Texto atualizado às 10h37.

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