Economia

Taxa às transações financeiras seria 'loucura', diz Cameron

Segundo o primeiro-ministro britânico, o plano europeu para criar a taxa é ainda pior em um momento de crise

Segundo Cameron, a taxa poderia reduzir o PIB da UE em € 200 bilhões (Vincenzo Pinto/AFP)

Segundo Cameron, a taxa poderia reduzir o PIB da UE em € 200 bilhões (Vincenzo Pinto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2012 às 10h50.

Davos, Suíça - O plano da União Europeia de impor uma taxa sobre transações financeiras é simplesmente uma loucura, disse nesta quinta-feira o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que aproveitou também para criticar a gestão da crise da dívida pelos líderes europeus.

"Essa ideia (do imposto) seria uma loucura mesmo em tempos de forte crescimento econômico", afirmou Cameron durante um discurso no Fórum Econômico de Davos, na Suíça. "Implementá-la em um momento de crise então seria insano", completou.

Segundo Cameron, é justo que o setor financeiro pague sua parte e a Inglaterra já faz isso através de suas taxas a bancos e sobre as ações. Contudo, a ideia apresentada pela Comissão poderia reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) da UE em 200 bilhões de euros por ano, provocar o corte de 500.000 funcionários e forçar 90% dos mercados a sair da UE.

O fracasso de Cameron ao tentar deixar a Grã-Bretanha de fora do imposto sobre transações financeiras foi fundamental para sua decisão - em uma reunião de cúpula da UE no mês passado - de não participar de um pacto fiscal que visa proteger a zona do euro.

França, Alemanha e outros países da UE devem seguir em frente com o imposto, mas Cameron ampliou seu ataque contra a gestão econômica da endividada Eurozona.

Em referência ao pedido feito na véspera pela chefe do governo alemão, Angela Merkel, a favor da adoção de mais medidas para estimular o crescimento, Cameron foi ainda mais incisivo e pediu uma reforma completa na governança da Eurozona.

"Não sou uma dessas pessoas que pensam que as moedas únicas não podem funcionar, mas em todas as uniões de moedas que obtêm êxito, há uma série de características comuns", afirmou.

Para o primeiro-ministro britânico, uma moeda comum deve contar com o respaldo de um banco central disposto a atuar como um credor de última instância, uma profunda integração econômica entre os Estados membros e um sistema de transferências fiscais para eliminar os desequilíbrios.

"Atualmente, não é que a Eurozona não tenha tudo isso: é que não tem nada disso", afirmou.

Em dezembro, Sarkozy afirmou que como a Grã-Bretanha não é parte da moeda única, Cameron deveria ficar calado sobre os assuntos da Eurozona.

O líder britânico, no entanto, fez exatamente o contrário e detalhou as medidas que tomaria se tivesse que combater a crise da dívida: perdoar rapidamente a dívida da Grécia, recapitalizar os bancos e estabelecer barreiras de proteção para os Estados.

"Isso é o que faria a clara diferença entre sentimento e perspectiva", disse, em uma crítica velada à estratégia de Merkel, que defende reformas e rejeita o plano de socializar a dívida soberana da Eurozona.

* Matéria atualizada às 11h54

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