Economia

Tarifas sobre siderurgia dos EUA enfrentam críticas na OMC

Representante da UE disse que os Estados Unidos estão apenas tentando apoiar sua indústria

Aço: representante da UE rejeitou as afirmações dos EUA de que as tarifas sobre o aço são necessárias para proteger a segurança nacional (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

Aço: representante da UE rejeitou as afirmações dos EUA de que as tarifas sobre o aço são necessárias para proteger a segurança nacional (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

R

Reuters

Publicado em 23 de março de 2018 às 18h47.

Genebra - As tarifas de aço e alumínio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrentaram uma enxurrada de críticas durante reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta sexta-feira, quando a União Europeia, Japão, Austrália e outros países se juntaram a um debate iniciado por China e Rússia.

O representante da UE rejeitou as afirmações dos EUA de que as medidas são necessárias para proteger a segurança nacional, dizendo que Washington está apenas tentando apoiar sua indústria, disse uma autoridade comercial de Genebra.

O diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, disse que era positivo ver a discussão acontecer dentro da OMC, já que levar as disputas para fora aumentou muito "o risco de escalada em um confronto que não terá vencedores".

"Interromper fluxos de comércio prejudicará a economia global em um momento no qual a recuperação econômica, ainda que frágil, tem sido cada vez mais evidente ao redor do mundo", disse em um comunicado. "Mais uma vez peço moderação e diálogo urgente como o melhor caminho à frente para resolver esses problemas."

China e Rússia já disseram que estão elaborando planos de retaliação para compensar o impacto das tarifas. Durante a reunião da OMC, a China disse que as tarifas eram "infundadas" e violaram as regras da OMC de várias maneiras.

O representante chinês disse que a experiência da década de 1930 mostrou que as barreiras comerciais faziam o oposto de proteger a segurança nacional, uma referência à Grande Depressão dos EUA e à preparação para a Segunda Guerra Mundial.

A Rússia questionou a base para isenções temporárias das tarifas, que Washington concedeu à UE, Argentina, Austrália, Canadá, México, Coreia do Sul e Brasil.

Outros países ecoaram as preocupações sobre um efeito dominó e disseram que isso poderia prejudicar o consenso da OMC, sob o qual os Estados evitaram invocar a segurança para justificar as barreiras.

O Brasil disse que a questão só poderia ser abordada multilateralmente, mas acrescentou que foi encorajado pelos esforços dos EUA para negociações bilaterais sobre o assunto, afirmou uma autoridade.

O representante dos EUA na reunião não respondeu diretamente às críticas, mas disse que suas tarifas eram "consistentes" com o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio da OMC.

 

Acompanhe tudo sobre:acoDonald TrumpEstados Unidos (EUA)OMC – Organização Mundial do ComércioTarifas

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto