OMC: tarifas de aço e alumínio de Trump enfrentaram uma enxurrada de críticas durante reunião da Organização Mundial do Comércio (Denis Balibouse/Reuters)
Reuters
Publicado em 23 de março de 2018 às 13h54.
Última atualização em 23 de março de 2018 às 13h56.
Geneva - As tarifas de aço e alumínio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrentaram uma enxurrada de críticas durante reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta sexta-feira, quando a União Europeia, Japão, Austrália e outros países se juntaram a um debate iniciado por China e Rússia.
O representante da UE rejeitou as afirmações dos EUA de que as medidas são necessárias para proteger a segurança nacional, dizendo que Washington está apenas tentando apoiar sua indústria, disse uma autoridade comercial de Genebra.
O diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, disse que era positivo ver a discussão acontecer dentro da OMC, já que levar as disputas para fora aumentou muito "o risco de escalada em um confronto que não terá vencedores".
"Interromper fluxos de comércio prejudicará a economia global em um momento no qual a recuperação econômica, ainda que frágil, tem sido cada vez mais evidente ao redor do mundo", disse em um comunicado. "Mais uma vez peço moderação e diálogo urgente como o melhor caminho à frente para resolver esses problemas."
China e Rússia já disseram que estão elaborando planos de retaliação para compensar o impacto das tarifas. Durante a reunião da OMC, a China disse que as tarifas eram "infundadas" e violaram as regras da OMC de várias maneiras.
O representante chinês disse que a experiência da década de 1930 mostrou que as barreiras comerciais faziam o oposto de proteger a segurança nacional, uma referência à Grande Depressão dos EUA e à preparação para a Segunda Guerra Mundial.
A Rússia questionou a base para isenções temporárias das tarifas, que Washington concedeu à UE, Argentina, Austrália, Canadá, México, Coreia do Sul e Brasil.
Outros países ecoaram as preocupações sobre um efeito dominó e disseram que isso poderia prejudicar o consenso da OMC, sob o qual os Estados evitaram invocar a segurança para justificar as barreiras.
O Brasil disse que a questão só poderia ser abordada multilateralmente, mas acrescentou que foi encorajado pelos esforços dos EUA para negociações bilaterais sobre o assunto, afirmou uma autoridade.
O representante dos EUA na reunião não respondeu diretamente às críticas, mas disse que suas tarifas eram "consistentes" com o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio da OMC.