Economia

Tarifas de aço podem ameaçar empregos no setor automotivo dos EUA

Empresários alertam que se o presidente impuser tarifas abusivas a importações de automóveis, eles serão obrigados a restringir investimentos no país

Trump: o presidente anunciou pesadas tarifas contra importações de aço e alumínio, mas deu a aliados, como a União Europeia (Krisztian Bocsi/Getty Images)

Trump: o presidente anunciou pesadas tarifas contra importações de aço e alumínio, mas deu a aliados, como a União Europeia (Krisztian Bocsi/Getty Images)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de março de 2018 às 13h14.

Genebra - Executivos da indústria automotiva europeia alertam que se o presidente Donald Trump impuser tarifas abusivas a importações de automóveis, poderão ser obrigados a restringir investimentos em fábricas nos EUA, colocando em risco empregos de americanos em instalações controladas por fabricantes estrangeiros.

Na última quinta-feira (08), Trump anunciou pesadas tarifas contra importações de aço e alumínio, mas deu a aliados, como a União Europeia (UE), uma chance de negociar possíveis isenções.

No fim de semana, porém, Trump sugeriu durante comício na Pensilvânia que poderá estender as tarifas ao setor automotivo europeu. "Eles nos matam no comércio...nós vamos taxar a Mercedes-Benz...nós vamos taxar a BMW", afirmou o presidente.

No entanto, impor tarifas a importações de carros pode ser mais complicado do que taxar aço e alumínio, e pode ter efeitos inesperados. Se montadoras europeias reduzirem investimentos em fábricas nos EUA, o gesto poderá afetar até mesmo as exportações de veículos dos EUA.

Isso porque as grandes montadoras alemãs - Volkswagen, BMW e Daimler, que fabrica a marca Mercedes - construíram nos últimos anos fábricas nos EUA e México que estão voltadas em parte para exportações à Europa e China, e não apenas a vendas para consumidores americanos.

As fabricantes da Alemanha empregam cerca de 36,5 mil americanos em suas unidades nos Estados da Carolina do Sul, Alabama e Tennessee.

Se as exportações dos EUA sofrerem medidas retaliatórias e os embarques a partir do país se tornarem mais difíceis, montadoras europeias provavelmente terão de transferir esses empregos para o México ou de volta para a Europa.

"Se enfrentarmos barreiras tarifárias, isso terá um impacto nos empregos nos EUA", comentou o executivo-chefe da BMW, Harald Krüger, durante o Salão do Automóvel de Genebra.

Temores de que ocorra uma guerra comercial internacional estão levando a Volvo, a montadora sueca de controle chinês, a reconsiderar o tamanho de uma nova fábrica que está em construção perto de Charleston, na Carolina do Sul.

O plano da Volvo é vender metade dos carros que produzir em Charleston nos EUA e exportar a outra metade para a Europa e China. No entanto, a Volvo teme que eventuais disputas comerciais mudem a perspectiva da fábrica, tornando impossível exportar carros a partir dos EUA. Isso significa que a operação em Charleston pode ser reduzida.

"Se a fábrica da Carolina do Sul não pudesse exportar, ela teria metade do tamanho. Ela não mais empregaria 4 mil pessoas, mas apenas 2 mil", afirmou a repórteres o executivo-chefe da Volvo, Håkan Samuelsson.

Com base em números de vendas de 2017, eventuais tarifas afetariam cerca de um terço dos novos carros vendidos nos EUA. A maioria das importações vem de fábricas no México erguidas depois que o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês) entrou em vigor, em 1994. As importações vindas do México incluem quase 2 milhões de veículos produzidos pela General Motors (GM) e Ford.

No ano passado, a Alemanha exportou 494 mil carros e caminhões leves para os EUA, representando queda de 25% desde 2013, segundo a associação da indústria automotiva alemã.

No outro lado do Atlântico, fabricantes americanas têm praticamente a mesma participação nos mercados europeus do que suas equivalentes europeias nos EUA.

Steven Armstrong, presidente da divisão europeia da Ford, descartou alegações de Trump de que montadoras americanas estão sendo impedidas de vender carros na Europa.

"Ele obviamente não visitou nosso estande", disse Armstrong, às margens do evento em Genebra. "Se o produto for adequado para o mercado, consumidores irão comprá-lo". Fonte: Dow Jones Newswires.

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