Economia

EUA avalia caso da Argentina por dívida em default

A decisão de tribunal nova-iorquino obriga a Argentina a pagar fundos especulativos que compraram a dívida já em default


	Cristina Kirchner: Desde 2005, a Argentina pagou 173 bilhões de dólares de dívida, segundo a presidente da Argentina
 (Dan Kitwood/Getty Images)

Cristina Kirchner: Desde 2005, a Argentina pagou 173 bilhões de dólares de dívida, segundo a presidente da Argentina (Dan Kitwood/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2013 às 17h56.

A Suprema Corte dos EUA analisa, a partir desta segunda-feira, se considerará o caso da dívida argentina em default, em que fundos especulativos conseguiram uma vitória contra o país sul-americano na justiça nova-iorquina.

Para o professor Arturo Porzecanski, diretor do Programa das Relações Econômicas Internacionais da American University de Washington, "a expectativa geral nos mercados financeiros é que a Corte não aceite esta ação" apresentada pela Argentina.

Se rejeitar o caso, a sentença contra o país será mantida. A decisão de um tribunal nova-iorquino obriga a Argentina a pagar a fundos especulativos que compraram a dívida já em default, uma quantia de 1,47 bilhão de dólares por seus títulos.

Esses fundos fazem parte dos 7% de credores da Argentina que não aceitaram participar de duas reestruturações da dívida em 2005 e 2010, quando Buenos Aires obteve considerável perdão sobre o montante da dívida (67%).

Os fundos, chamados "abutres" por Buenos Aires, brigaram na justiça norte-americana, que determinou o pagamento. A Argentina apelou e a decisão judicial contrária a Buenos Aires foi confirmada na apelação.

Porzecanski lembrou que a Argentina recorreu à Suprema Corte "antes da decisão definitiva do Tribunal de Apelações de Nova York. (...) Por essa razão, o caso ficou, de alguma forma, obsoleto. A Argentina, certamente, fará outra apelação" em Nova York.


Os mercados não esperam "decisões importantes sobre a reestruturação da dívida (argentina) até o ano de 2015", e por isso os títulos soberanos argentinos tiveram certa valorização, explicou este especialista para quem seria uma "surpresa" se a Suprema Corte se ocupasse do caso.

Uma fonte do máximo tribunal norte-americano disse à AFP sob anonimato que a decisão relativa à Argentina será apresentada na terça-feira em virtude do alto número de casos para analisar.

Consequências para o futuro

O caso é acompanhado de perto pelos mercados internacionais, pois poderia abrir um precedente que preocupa analistas e organismos financeiros frente a futuras reestruturações da dívida soberana.

Depois de conhecer a decisão da Justiça de Nova York, o Fundo Monetário Internacional (FMI) sugeriu que poderia interceder para que o caso chegue à Suprema Corte.

Contudo, as autoridades norte-americanas conseguiram convencer a diretoria do FMI a permanecer neutra e foi a Argentina que levou o caso à Suprema Corte.

Nessa ocasião, um porta-voz do FMI comentou que, apesar de não intervir na disputa, a entidade continuava "preocupada com as amplas implicações que a decisão da corte federal poderia ter para os processos de reestruturação da dívida em geral".


A decisão modifica a ordem de pagamento da Argentina a seus credores e estabelece uma diferença entre aqueles que aceitaram uma reestruturação e aqueles que decidiram não acolheram a proposta de Buenos Aires.

Por causa desta controvérsia a agência de classificação de risco Standard & Poor's reduziu há duas semanas a nota da dívida soberana argentina de B- a CCC+.

Desde 2005, a Argentina pagou 173 bilhões de dólares de dívida, segundo Kirchner.

A dívida argentina se eleva atualmente a 197 bilhões de dólares, equivalentes a 44% de seu produto interno bruto, mas a maioria dos compromissos são contraídos com organismos do Estado e do Banco Central.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaCristina KirchnerEstados Unidos (EUA)Países ricosPolíticos

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto