8º. Suécia (Thinckstock)
João Pedro Caleiro
Publicado em 19 de novembro de 2016 às 08h00.
Última atualização em 19 de novembro de 2016 às 08h00.
São Paulo - A Suécia pode se tornar o primeiro país do mundo a emitir oficialmente uma moeda digital.
A revelação foi feita na última semana por Cecilia Skingsley, vice-governadora do banco central do país (o Riksbank), em entrevista para o Financial Times:
“Isso é tão revolucionário como a nota de papel 300 anos atrás. O que isso significa para a política monetária e a estabilidade financeira? Como desenhamos isso: um cartão recarregável, um aplicativo ou outra forma?".
A decisão deve sair em até dois anos. O país tem um histórico de inovação financeira: foi o primeiro a emitir papel moeda (em 1660) e a ter caixas eletrônicos (em 1967, dois anos antes dos Estados Unidos, segundo a Fast Company).
É natural que isso chegue ao dinheiro digital já que a circulação de notas físicas no país caiu entre 40% e 50% nos últimos 6 anos, segundo um estudo recente.
Na vizinha Dinamarca, o governo já permite que alguns estabelecimentos não aceitem dinheiro como pagamento. Isso só foi possível com a disseminação de novos sistemas de pagamento, como aplicativos, e moedas como o bitcoin.
Vários economistas celebram a transição como algo que permitirá controlar a economia subterrânea e até resolver alguns problemas de política econômica.
Kenneth Rogoff, professor em Harvard e ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, lançou no último ano o livro The Curse of Cash (“A maldição do dinheiro”, ainda sem tradução no Brasil). Veja um trecho:
"A diminuição do dinheiro impresso é provavelmente a abordagem mais simples e elegante para abrir caminho para que os bancos centrais possam praticar taxas de juro ‘com limite inferior a zero’, sem se preocupar com as amarras que os prendem hoje. Como se isso não fosse suficiente, vale dizer que o dinheiro em espécie desempenha um papel crucial em uma ampla gama de atividades criminosas — incluindo tráfico de drogas, extorsão, chantagem, corrupção de funcionários públicos, tráfico humano e, certamente, lavagem de dinheiro."