Economia

Subsídio a combustíveis fósseis cobra preço alto da saúde pública

Relatório mostra como subsídios às fontes fósseis apoiam um setor associado a mortes prematuras, problemas crônicos e enormes custos aos sistemas de saúde

Ar irrespirável (Getty Images/Getty Images)

Ar irrespirável (Getty Images/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 27 de julho de 2017 às 18h34.

São Paulo - Você vê alguma relação entre os subsídios a combustíveis fósseis e os custos com saúde decorrentes da poluição do ar gerada pela queima dessas fontes? Há décadas, governos em todo o mundo destinam recursos públicos para apoiar a indústria de petróleo, gás e carvão na produção de energia, uma ligação que não sai barata para a sociedade.

Em 2014, os U$ 444 bilhões em subsídios que a indústria de combustíveis poluentes recebeu dos países do G20 se transformou em um custo com saúde seis vezes maior, gerado pela queima desses mesmos combustíveis: US$ 2,7 trilhões.

Os dados são de um relatório divulgado nesta semana pela Aliança Saúde e Meio Ambiente (HEAL, na sigla em inglês), que mostra como os subsídios aos combustíveis fósseis apoiam um setor associado a mortes prematuras, problemas crônicos, enormes custos aos sistemas de saúde em todo o mundo, além de de contribuir fortemente para as mudanças climáticas.

Todos os anos, segundo o relatório, a queima de combustíveis fósseis ceifa a vida de cerca de 6,5 milhões de pessoas em todo o mundo em decorrência de infecções respiratórias, acidentes vasculares cerebrais, ataques cardíacos, câncer de pulmão e doenças pulmonares crônicas.

"Os custos para a saúde decorrentes da poluição atmosférica gerada pelas fontes fósseis, das mudanças climáticas e da degradação ambiental não são pagos pela indústria, mas pela sociedade", diz a entidade, que critica o fato de líderes europeus doarem recursos públicos para o setor ao mesmo tempo em que se comprometem com o combate às mudanças climáticas e descarbonização da economia.

No relatório, a HEAL insta os governos a eliminar progressivamente os subsídios aos combustíveis fósseis até 2020 para os países desenvolvidos e, até 2025, para as economias de baixa renda, a fim de reduzir as mortes prematuras, os prejuízos à saúde das pessoas e ao clima do Planeta.

O relatório também destaca como os fundos poderiam ser reatribuídos para impulsionar a saúde nos países que foram analisados mais a fundo. Na Alemanha, por exemplo, os 5,4 bilhões de dólares de subsídios para combustíveis fósseis seriam o suficiente para instalar energia solar em mais de 300 mil lares, o que contribuiria fortemente com a transição de todos os 15.000 trabalhadores da indústria do carvão nos próximos cinco anos.

No caso da Polônia, o país europeu mais faminto por carvão, os subsídios aos combustíveis fósseis poderiam fortalecer
os sistemas de saúde da nação por meio da construção de mais de 34 novas clínicas e aumento de 30 mil médicos para os postos de saúde, segundo o relatório.

 

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