Economia

Subir juros além do necessário pode destruir evolução do mercado de trabalho, diz membro do BCE

Mário Centeno, dirigente do banco, defendeu que a política monetária deve preservar as aspirações dos trabalhadores e os investimentos

Mario Centeno, dirigente do Banco Central Europeu (Horacio Villalobos/Getty Images)

Mario Centeno, dirigente do Banco Central Europeu (Horacio Villalobos/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 4 de dezembro de 2023 às 14h38.

Última atualização em 4 de dezembro de 2023 às 14h39.

O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC de Portugal, Mário Centeno, afirmou que aumentar juros na zona do euro acima do necessário poderia destruir a evolução do mercado de trabalho dos últimos anos. Em artigo publicado nesta segunda-feira, 4, Centeno defendeu conduzir a política monetária de forma a preservar os "investimentos e aspirações dos trabalhadores".

"A política monetária já está funcionando, apesar do seu tradicional atraso. Precisamos exercer paciência, seguindo os princípios de leitura dos dados, anúncio dos resultados encontrados e reagir somente se necessário", afirmou o dirigente. "Não há espaço para complacência."

Na visão dele, a resiliência do mercado de trabalho, junto a sua flexibilidade, foi um desenvolvimento positivo para a zona do euro e figurou entre os principais fatores que impediram um ambiente de "estagflação", mesmo com a forte desaceleração do crescimento.

Centeno também questionou preocupações de "mal funcionamento" do mercado de trabalho, por exemplo, com uma espiral dos salários. "Não há indícios significativos de pressões salariais, embora os salários reais devam se recuperar", projetou.

E esta resiliência é resultado de anos para equilibrar gradualmente oferta e demanda por mão de obra, o que poderia ser rapidamente revertido em um ambiente de recessão, pontua Centeno.

"A destruição de empregos e o congelamento de vagas são mais sincronizados durante períodos de recessão do que durante saltos da economia", destacou o dirigente, alertando que levaria pouco tempo para reverter os "ganhos históricos" dos últimos anos.

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