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Spielberg renuncia ao cargo de consultor artístico das Olimpíadas de Pequim

Em protesto contra a política externa chinesa, diretor desiste de ajudar o comitê organizador e abre espaço para críticas ao governo do país asiático

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.

A menos de seis meses do início dos Jogos Olímpicos de Pequim, marcados para 08 de agosto deste ano, o diretor americano de cinema Steven Spielberg renunciou nesta terça-feira (12/02) ao cargo de consultor artístico voluntário das cerimônias de abertura e encerramento do evento, sob o argumento de discordância quanto à política externa da China para o conflito de Darfur, no Congo. 

Numa medida apontada pelos jornais internacionais como possível porta de entrada para ataques mais sérios ao governo chinês, Spielberg divulgou um comunicado no qual ele alega que não poderia permanecer no posto por questões de "consciência".

"Meu tempo e minha energia não devem ser gastos nas cerimônias olímpicas, mas em fazer tudo o que eu puder para ajudar a pôr um fim nos indescritíveis crimes contra a humanidade que continuam a ser cometidos em Darfur", afirmou o diretor, em comunicado divulgado à imprensa. Para ele, as ligações da China com o governo sudanês dão ao país asiático a "oportunidade e a obrigação de pressionar por mudanças".

As críticas de Spielberg refletem a posição de parte das organizações de direitos humanos, para as quais o governo chinês dá suporte às práticas sudanesas, ao manter a compra de quase dois terços do petróleo vendido pelo país, fornecer armas ao exército local e fazer declarações de que o governo atual é legítimo e "merece respeito".

Já o governo do Sudão é o alvo principal de uma campanha internacional contra o conflito étnico na região de Darfur. A disputa entre dois grupos populacionais de origens diversas já matou pelo menos 200 mil pessoas e levou mais de dois milhões de sudaneses a fugir de suas terras, desde 2003.

Efeito simbólico

Em termos práticos, a desistência de Steven Spielberg tem pouco efeito sobre as cerimônias olímpicas, segundo o periódico nova-iorquino Wall Street Journal (WSJ), porque a abertura e o encerramento dos jogos já estão bastante adiantados

A medida, no entanto, tem o peso simbólico de ser "uma primeira dor de cabeça para o Comitê Olímpico de Pequim, pouco acostumado a celebridades que fazem comentários inconvenientes e tampouco tem uma celebridade que possa contrabalançar Spielberg", segundo o WSJ.

O próprio diretor americano vinha sendo alvo de críticas como as da atriz Mia Farrow, que o acusou de tentar "higienizar a imagem de Pequim".

Temeroso do tom de crítica que as Olimpíadas podem adquirir, o governo chinês insiste em chamar a atenção para o fato de se tratar de um evento esportivo, e não político. Numa declaração no mês passado, entretanto, o diretor de comunicação do próprio comitê organizador, Sun Weide, afirmou que os Jogos Olímpicos têm ajudado a "expandir os direitos aos quais os chineses têm acesso".

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