Economia

SP vai precisar de R$ 100 bi em 10 anos para Previdência, diz Meirelles

O secretário da Fazenda afirmou que o governo de São Paulo tem um "plano B", caso Senado não inclua Estados e municípios na reforma da Previdência

Meirelles: "Do orçamento de R$ 231 bilhões deste ano R$ 36 bilhões são para pagar Previdência", afirmou o secretário (Sérgio Dutti/Divulgação)

Meirelles: "Do orçamento de R$ 231 bilhões deste ano R$ 36 bilhões são para pagar Previdência", afirmou o secretário (Sérgio Dutti/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de julho de 2019 às 10h43.

O Estado de São Paulo prepara um Plano B para ajustar as contas da Previdência de seus servidores, caso o Senado não inclua o funcionalismo estadual e municipal na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) aprovada em primeiro turno na Câmara, semana passada.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o secretário de Fazenda paulista, Henrique Meirelles, diz que será preciso uma economia de R$ 100 bilhões em 10 anos para ajustar as contas da Previdência do Estado. Se for necessário, o governo poderá elevar a alíquota de contribuição dos servidores dos atuais 11% para 14%. Na entrevista, ele antecipa também que os Estados do Sul e Sudeste vão se reunir para discutir qual proposta de reforma tributária devem apoiar.

Como o sr. viu a aprovação do texto base da reforma?

Foi positivo. Vamos esperar que o texto seja desidratado o mínimo possível. Também que o Senado possa reintroduzir Estados e municípios nessa reforma para evitar depois que não consigam ou não queiram reformar suas previdências. Não é o caso de São Paulo, mas para o Brasil é importante a inclusão na reforma. Sabemos que quando o Estado tem problemas financeiros, como é o caso de sete deles, a conta chega no governo federal.

O sr. é favorável ao fatiamento da PEC pelo Senado para incluir Estados e municípios?

A pior hipótese é a reforma voltar para a Câmara (caso os senadores modifiquem o teor do que foi aprovado pelos deputados, o texto precisa voltar à Câmara). Existe outra alternativa que os juristas estão discutindo para ver até que ponto é possível reintroduzir a previdência estadual e municipal pelo Senado, para que apenas essa parte volte para a Câmara e não a reforma inteira. É algo que vai ser discutido nos próximos dias.

São Paulo não tem uma situação confortável na Previdência. O que o governo paulista fará se Estados e municípios não forem incluídos?

O plano B de São Paulo será apresentar um projeto de reforma na Assembleia Legislativa. Não tememos enfrentar problemas políticos, pressão e discussão. Temos segurança que faremos um bom projeto e vamos aprová-lo. Evidentemente não é a solução ideal. Alguns Estados vão fazer uma boa reforma, como São Paulo. Leva tempo, mas será feita. Outros não conseguirão fazer, por questão ideológica ou porque não há condições políticas e a situação vai piorar dramaticamente.

São Paulo está debruçado na proposta?

Sim, estamos estudando. Mas temos de aguardar a situação federal. Temos déficit previsto de R$ 22 bilhões para 2019. É um problema que só cresce. Do orçamento de R$ 231 bilhões deste ano R$ 36 bilhões são para pagar Previdência.

Por que a situação chegou a esse ponto?

Porque não foi feita a reforma antes. Tão simples quanto isso.

Quanto o Estado terá de economizar em 10 anos?

O orçamento está equilibrando. Mas há um custo grande, de diminuição gradual de investimento, de compressão de gastos de saúde, educação e segurança.

Mas quanto a reforma teria de trazer de economia?

Em São Paulo, esperamos que fique um pouco acima de R$ 100 bilhões em 10 anos.

Será preciso colocar alguma contribuição extraordinária?

A alíquota é de 11%. Se for necessário, podemos aumentar para 14%.

Muitos governadores criticam São Paulo porque o Estado teria voltado com a guerra fiscal. Como o sr. vê essas críticas?

São Paulo está acabando com a guerra fiscal no Brasil. Os críticos querem a alíquota de São Paulo lá em cima e do outro Estado lá embaixo para atrair as empresas. Isso gera distorções econômicas gravíssimas.

Há cinco projetos de reforma tributária. Qual delas São Paulo vai apoiar?

Não tenho a resposta, porque os Estados do Sul e do Sudeste vão se reunir em São Paulo, dia 18, para analisar as propostas e ter uma consolidação de qual seria a correta e que beneficie o País e o crescimento. É um grupo importante, que reúne 70% da economia nacional.

Qual reforma tributária o Estado de São Paulo quer?

Em primeiro lugar, que simplifique a tributação. Isso tem um ganho enorme e facilita a arrecadação. Vem aqui uma fila de setores empresariais que pagam imposto e reclamam que tem muita gente que não paga, que tem operação fantasma em outro Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Estado de São PauloHenrique MeirellesReforma da Previdência

Mais de Economia

Temos um espaço muito menor para errar, diz Funchal sobre trajetória da dívida pública

Isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil recairá sobre grandes empresas, diz Rodrigo Maia

A crescente força das gerações prateadas no Brasil

Haddad diz que consignado privado pelo eSocial terá juro "menos da metade" do que se paga hoje