Colheita de soja na Argentina: a soja é o principal produto agrícola em nove Estados, enquanto a cana-de-açúcar domina a produção em seis (Diego Giudice/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2013 às 10h38.
Rio - Apenas quatro Estados brasileiros concentraram mais da metade do valor da produção nacional agrícola em 2012. São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná responderam por 55,4% do valor da safra do ano passado. As informações são da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), divulgada nesta sexta-feira, 25 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A soja é o principal produto agrícola em nove Estados, enquanto a cana-de-açúcar domina a produção em seis. "Em alguns Estados, a agricultura está concentrada em poucos produtos, o que pode trazer sérios prejuízos em caso de intempéries ou queda nos preços", afirmou o IBGE.
Em Alagoas, por exemplo, a cana-de-açúcar respondeu por 86% do valor de produção em 2012. No Espírito Santo, o valor da produção do café ficou em 70,4% do total do Estado.
No caso da soja, ela é o principal grão produzido em Mato Grosso (57,4% do valor da produção em 2012), no Tocantins (56,4%), no Piauí (52,7%), no Maranhão (41,9%), em Goiás (39,3%), em Mato Grosso do Sul (39,3%), no Paraná (35,3%), em Rondônia (31,3%) e no Rio Grande do Sul (29,6%).
Estados
Em 2012, São Paulo respondeu por 17,8% do total do valor da produção no País, seguido por Mato Grosso (12,8%), Minas Gerais (12,5%), Paraná (12,3%) e Rio Grande do Sul (8,8%). Mato Grosso teve ganhos na passagem de 2011 para 2012 e ultrapassou Minas Gerais e Paraná, subindo para a segunda posição.
Já o Rio Grande do Sul teve redução no valor da produção em R$ 3,5 bilhões, mas se manteve na quinta colocação. No total, o valor da safra brasileira alcançou R$ 203,955 bilhões no ano passado.
Líder
O município de São Desidério, na Bahia, tornou-se o município com o maior valor de produção agrícola em 2012, somando R$ 2,328 bilhões. A alta chega a 35,2% na comparação com 2011. O resultado coloca o município baiano à frente de Sorriso (MT), que até então mantinha a liderança.
São Desidério é responsável por 23,5% da safra baiana e por 1,1% do total do valor da produção nacional. Em 2012, foram plantados e colhidos 532,047 mil hectares, um aproveitamento de 100% da área. O município é líder na produção de algodão herbáceo e ocupa o 11º lugar no ranking nacional de produtores de soja.
Sorriso passou para o segundo lugar, com produção avaliada em R$ 2,066 bilhões, acréscimo de 9,1% em relação a 2011. A participação em termos nacionais chegou a 1%. O município, contudo, continua à frente quando a comparação leva em conta a área plantada e colhida, que foi de 1,015 milhão de hectares (também sem quebra de safra). Além disso, ele lidera as produções de soja e de milho.
Café
Com uma expansão de 106,1% na produção de café em grão, o município de Patrocínio, em Minas Gerais, saltou três posições e assumiu a liderança no ranking de produtores do grão (arábica e robusta). Em 2012, a safra de café atingiu 64,789 mil toneladas naquele município (2,1% do total nacional).
O antigo líder, Jaguaré (ES) apresentou avanço de 11,9% na passagem anual, para 44,650 mil toneladas, mas ainda assim ficou para trás. Em 2012, o município se posicionou no 2º lugar.
Entre os 20 maiores produtores do País, outros municípios registraram avanços expressivos: Serra do Salitre (238,7%), Ibiraci (184,9%) e Nova Resende (108,5%), todos em Minas Gerais. O Estado continua como líder nessa comparação, com participação de 52,6% no total do País e uma safra de 1,596 milhão de toneladas (acréscimo de 19,5%).
Na comparação por espécie, o município de Patrocínio (MG) é o líder em café arábica. No café robusta, o topo da lista é puxado por Jaguaré. Ambos os municípios dedicam 100% da produção a cada uma dessas espécies.
No total, o Brasil produziu 3,037 milhões de toneladas em 2012, uma queda de 12,5% em comparação ao ano anterior. Desse volume, 2,278 milhões de toneladas foram de café arábica, enquanto as outras 758.796 toneladas foram de robusta.
Arroz
O município de Uruguaiana, na fronteira do Rio Grande do Sul, permanece como líder nacional de produção de arroz, apesar de ter amargado queda de 19,1% na produção de 2012, para 594,355 mil toneladas. A safra do município representou 5,1% do total do País.
Os gaúchos dominam a lista dos 20 municípios com as maiores produções, o que sustenta a posição de liderança do Estado frente aos demais. O Rio Grande do Sul responde por 66,6% do volume total e produziu 7,692 milhões de toneladas em 2012, queda de 14% em relação a 2011.
Além de Uruguaiana, completam a lista dos cinco principais municípios Itaqui, Santa Vitória do Palmar, Alegrete e São Borja. Juntos, eles respondem por 21,2% da produção nacional.
Santa Catarina dá continuidade ao ranking estadual, na segunda colocação, com participação de 9,5% e colheita de 1,097 milhão de toneladas (alta de 11,9%).
A grande novidade foi Mato Grosso, que saiu da quarta para a terceira posição, apesar de queda de 30,3% na produção, para 456,544 mil toneladas. O Estado foi favorecido por um recuo ainda maior no Maranhão, que ocupava o terceiro lugar. Por lá, a queda foi de 38%, para 439,143 mil toneladas, o que o deixou na quarta colocação.
Feijão
O município de Unaí, em Minas Gerais, permaneceu na liderança entre os produtores de feijão em 2012, apesar de queda de 0,4% no volume total colhido, que ficou em 112,200 mil toneladas. Sozinha, Unaí respondeu por 4% da produção do País. A safra do ano passado foi prejudicada pela estiagem, embora os efeitos tenham sido mais intensos no Nordeste.
Completam a lista dos cinco primeiros os municípios de Cristalina (GO), Luziânia (GO), Paracatu (MG) e Sorriso (MT). Apesar de os paranaenses não conquistarem nenhuma das cinco primeiras posições no ranking municipal, são eles que lideram a lista dos Estados. Em 2012, o Paraná manteve a primeira colocação, mesmo com queda de 14,1% na produção, para 700,371 mil toneladas.
O Estado representa 25,1% do volume nacional de feijão. Na sequência estão Minas Gerais (22,7%), Goiás (12%), Mato Grosso (8,7%) e São Paulo (7,4%).
Com a seca, a produção de feijão caiu 18,6% na passagem de 2011 para 2012, para 2,794 milhões de toneladas. A área colhida diminuiu em 26,2%, para 2,709 milhões de hectares. A redução da oferta, no entanto, impulsionou os preços e permitiu que o valor da produção fosse 20,7% maior do que no ano anterior, para R$ 6,216 milhões.
Frutasa
Na produção frutícola, o município de Petrolina (PE) lidera o ranking de valor de produção, com ganhos de R$ 617 milhões em 2012 (20,1% a mais do que em 2011). A área plantada e colhida foi de 18,803 mil hectares, com total aproveitamento
Laranja
O município de Itápolis (SP) perdeu o posto de maior produtor brasileiro de laranjas em 2012 e caiu para o 11º lugar, em virtude da redução da safra para pouco mais da metade do que havia sido colhido em 2011. O recuo foi de 48,2%, para 284,868 mil toneladas.
Quem assumiu a liderança foi Casa Branca (SP), que ampliou a produção em 42,3%, para 693,690 mil toneladas. Até 2011, esse município se posicionava no segundo lugar no ranking, e no ano passado respondeu por 3,9% da produção nacional.
Vários municípios do Estado paulistas sofreram reveses na produção do ano passado, influenciados pela crise na Europa, pelas sanções impostas pelos Estados Unidos e pelas pragas que atacaram os laranjais. Só em São Paulo, a redução no volume foi de 12,6%, para 13,365 milhões de toneladas. Mesmo assim, a colheita respondeu por 74,2% da produção nacional.
No total, o Brasil produziu 18,012 milhões de toneladas, 9,1% a menos do que em 2011. As informações são da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar disso, alguns municípios conseguiram ganhos expressivos em suas safras. Além de Casa Branca (SP), esse foi o caso de Águas de Santa Bárbara (+69%, para 364,1 mil toneladas) e Mococa (+97,4%, para 208,08 mil toneladas), ambos em São Paulo.
O ranking dos cinco principais municípios é formado por Casa Branca, Mogi Guaçu, Itapetininga, Águas de Santa Bárbara (todos em São Paulo) e Rio Real (Bahia). Nos Estados, a liderança paulista é isolada, uma vez que a Bahia, 2ª no ranking, produziu 1,036 milhão de toneladas em 2012, o equivalente a 5,8% do total do País.