Economia

SP já fechou mais de 1.500 empresas por suspeita de fraudes na pandemia

A maioria sonegou impostos ou comercializou, sem autorização, produtos essenciais na prevenção do novo coronavírus, como respiradores, álcool e máscaras

São Paulo: de acordo com o fisco paulista, boa parte dessas empresas foi, inclusive, aberta após o início da epidemia da doença no país (Fabio Marra/Getty Images)

São Paulo: de acordo com o fisco paulista, boa parte dessas empresas foi, inclusive, aberta após o início da epidemia da doença no país (Fabio Marra/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de junho de 2020 às 20h15.

Última atualização em 9 de junho de 2020 às 21h02.

Mais de 1.500 empresas foram impedidas de funcionar em São Paulo por suspeita de fraudes e irregularidades no enfrentamento à pandemia de covid-19. A maioria por sonegar impostos ou comercializar, sem autorização, produtos que se tornaram essenciais para prevenir a contaminação pelo novo coronavírus, como respiradores, testes, álcool em gel e máscaras de proteção facial.

De acordo com o fisco paulista, boa parte dessas empresas foi, inclusive, aberta após o início da epidemia da doença no país. "Boa parte delas foi aberta já com a intenção de fraudar o fisco. Elas já foram abertas para comercializar mercadorias que não existem, para acobertar uma mercadoria talvez roubada. Essas empresas acabam emitindo notas fiscais para diversos fins", explica o chefe da assistência fiscal de monitoramento e inteligência da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, Márcio Rodrigues da Costa Araújo.

Nesses casos, as empresas têm a inscrição estadual suspensa, ficando impedidas, temporariamente, de operar. Depois da prestação de contas pelos dirigentes e análise do caso pelos fiscais, a proibição pode ser levantada ou mantida indefinidamente.

Há casos de companhias, de outros setores que não o da saúde (hospitalar e farmacêutico), que passaram a anunciar a fabricação de insumos diante da corrida pelos itens usados para combater e minimizar a disseminação da covid-19. "Tinha empresa anunciando a venda de álcool em gel que não tinha nenhuma compra de insumo para produzir o álcool em gel, por exemplo. Fica sem sentido uma empresa produzir o que não comprou", explica Araújo.

De pequenas e médias empresas até microempreendedores individuais, os MEIs, todos entraram na mira da Fazenda. Existem ainda companhias que movimentam somas vultuosas, chegando à casa do milhão, por meio de negociações fraudulentas. Nesses casos, a área de monitoramento e inteligência da Subcoordenadoria de Fiscalização da Secretaria da Fazenda e Planejamento identificou por exemplo, indícios de simulação nos quadros societários, ausência de registro ou mesmo de estoque dos equipamentos.

São Paulo é porta de entrada para a importação de respiradores e concentra empresas responsáveis pelo fornecimento, em grande escala, de insumos médico-hospitalares a nível nacional. Segundo as investigações do fisco, muitas delas, no entanto, não dispõem de fato dos equipamentos ou da capacidade de importá-los e, após o recebimento dos valores firmados em contrato, não entregam os produtos essenciais ao tratamento de pacientes graves e proteção dos profissionais da linha de frente.

Medicamentos

No fim de maio, uma força-tarefa composta de agentes de 17 Delegacias Regionais Tributárias (DRTs), em 36 municípios paulistas, foi montada para fiscalizar o setor de medicamentos. A apuração preliminar aponta transações interestaduais de remédios sem o recolhimento antecipado do ICMS, devido por substituição tributária ao estado de São Paulo, conforme determina a legislação.

De maneira complementar ao combate à sonegação, o fisco paulista também adotou medidas para facilitar a importação de medicamentos. Enquanto negociações fraudulentas são suspensas, solicitações que envolvem liberação de remédios e produtos hospitalares são analisadas em caráter prioritário.

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