Lagarta helicoverpa armigera repousa no polegar de um técnico: praga causou uma alta nos custos com defensivos (Mick Tsikas/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de janeiro de 2014 às 16h25.
Campo Verde - Os produtores de soja do Centro-Oeste brasileiro chegam ao período de colheita comemorando o fato de a temida lagarta Helicoverpa armigera não ter causado as perdas esperadas na produção, apesar da considerável alta nos custos com defensivos.
"Foi um aprendizado", resumiu o produtor Alexandre Schenkel, que está terminando de colher seus 300 hectares com soja na região de Campo Verde, sudeste de Mato Grosso.
No início desta safra, a preocupação foi grande. Produtores de todo o Brasil se mobilizaram para combater a Helicoverpa armigera, uma praga exótica que causou prejuízos no oeste da Bahia na temporada anterior e que poderia se espalhar por todo o país no ciclo atual, segundo especialistas.
O Ministério da Agricultura chegou a decretar situação de emergência fitossanitária em Mato Grosso e outros Estados ao longo dos últimos meses.
Apesar de ser uma lagarta pouco conhecida no Brasil, agricultores correram para obter treinamento e inseticidas capazes de conter a Helicoverpa, que ataca lavouras de soja, milho e algodão com agressividade.
A mobilização parece ter dado certo.
"Como a gente se preveniu muito, não dá para falar que perdeu para a lagarta", disse o produtor Fábio Busanello, de Poxoréu, sudeste de Mato Grosso, visitado pela equipe da expedição técnica Rally da Safra, acompanhada pela Reuters nesta semana.
Controle Intensivo, Custos em Alta
Em todos os locais do país, o controle dos insetos exigiu aplicações de químicos acima da média, o que elevou os custos dos produtores.
Nas terras de Sílvio Wegener, na região de Rio Verde (GO), o trabalho foi intenso.
"A cada cinco dias estava tocando veneno em cima", contou o agricultor, referindo-se ao período mais intenso de combate à Helicoverpa e à lagarta falsa medideira, que também surgiu com força nesta safra.
Nas terras de Busanello, em Mato Grosso, foram três aplicações contra insetos este ano, uma a mais que no ano passado.
O agricultor estima que o custo extra nesta temporada vai consumir cerca de uma saca de soja por hectare do lucro de sua fazenda, onde está colhendo cerca de 60 sacas/hectare.
"Tivemos um custo de insumo muito acima do esperado", disse Schenkel, de Campo Verde, que estimou ter duplicado suas aplicações de inseticidas nesta safra, chegando a 6 pulverizações.
O levantamento mais recente sobre custos de produção do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta um salto de 90 por cento nos gastos com inseticidas na safra 2013/14, na comparação com as primeiras estimativas, para 266 reais por hectare.
Assim, os inseticidas ajudaram os gastos com defensivos em geral --incluindo herbicidas e fungicidas-- a alcançarem o patamar dos desembolsos com adubação, um grupo que geralmente é amplamente o mais oneroso entre os custos operacionais.
Na comparação com a safra passada, os fertilizantes subiram 20 por cento em 2013/14, para 620 reais por hectare. Já os defensivos --incluindo também fungicidas e herbicidas-- dispararam 75 por cento, atingindo 601 reais por hectare em Mato Grosso, segundo o Imea.