Soja é armazenada no porto de Santos: escala de navios de um ano atrás nem previa embarques em fevereiro (Nelson Almeida/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2016 às 16h14.
São Paulo - A escala de navios previstos para embarcar soja e milho no Brasil em janeiro e fevereiro indica que haverá forte competição entre os dois produtos por espaço nos portos, numa situação bem diferente da registrada no início de 2015.
Atualmente, há 90 navios previstos para carregar 5,04 milhões de toneladas de milho nos portos do país em janeiro e fevereiro, um volume 134 por cento acima do registrado 12 meses atrás, segundo dados da agência marítima Williams analisados pela Reuters.
A escala de navios de um ano atrás nem previa embarques em fevereiro --todo o volume de 2,16 milhões de toneladas estava agendado para janeiro.
Enquanto isso, a escala de navios para embarcar soja registra um aumento ainda mais substancial neste início de 2016.
A previsão atual para embarques em janeiro e fevereiro é de 1,68 milhão de toneladas, alta de 1.700 por cento ante o registrado nos line-ups de um ano atrás.
Assim como na escala de milho, um ano atrás ainda não havia nenhuma previsão de embarques de soja para fevereiro. Atualmente, já há quase 1 milhão de toneladas de soja na previsão do segundo mês do ano.
O Brasil está exportando volumes recordes de soja e milho nos últimos meses, na esteira de safras recorde no país e de um câmbio que favorece as vendas externas.
"É possível pensar que em função dos embarques fortes de milho, vai haver atraso no embarque da primeira soja (da colheita 2015/16)", projetou o diretor de Inteligência de Mercado da corretora Cerealpar, Steve Cachia.
Apesar de um atraso no plantio --em função de seca-- e um consequente retardamento na colheita, as primeiras lavouras de soja do país já estão sendo colhidas.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) projeta que a colheita da oleaginosa no Estado, maior produtor de grãos do Brasil, deverá ser mais intensa entre o final de janeiro e fevereiro.
Em anos normais, de menor demanda externa por milho brasileiro, as exportações do cereal já começam a perder ritmo em fevereiro, dando espaço nos canais portuários para a nova safra da oleaginosa, que começa a chegar ao mercado.
"Vamos ter que, de novo, abrir mão de um em favor do outro, em um momento que o mercado está demandando os dois", afirmou Cachia.