Economia

Sobretaxa ao México pode não acontecer, diz assessor de Trump

O assessor comercial da Casa Branca acredita que já foi "atraída a atenção do México" sobre a necessidade de conter os imigrantes na fronteira com os EUA

Trump ameaça sobretaxar produtos mexicanos caso país não contenha fluxo de imigrantes (Chris Jackson/Reuters)

Trump ameaça sobretaxar produtos mexicanos caso país não contenha fluxo de imigrantes (Chris Jackson/Reuters)

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EFE

Publicado em 5 de junho de 2019 às 15h35.

Última atualização em 5 de junho de 2019 às 15h38.

Washington — O principal assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, afirmou nesta quarta-feira que "pode ser que as sobretaxas não entrem em vigor", uma vez que já foi atraída "a atenção do México" sobre a necessidade de conter o fluxo migratório ilegal e de reforçar sua fronteira com a Guatemala.

"Acreditamos que estas tarifas podem nem entrar em vigor precisamente porque temos a atenção das autoridades do México", disse o funcionário americano em declarações à emissora "CNN".

As palavras de Navarro, uma das vozes mais agressivas em protecionismo comercial no governo do presidente Donald Trump, foram ditas horas antes da realização da esperada reunião na Casa Branca entre o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, e o vice-presidente americano, Mike Pence, para tentar alcançar um acordo antes da data limite de 10 de junho.

A delegação mexicana liderada por Ebrard está desde sábado em Washington tentando convencer as autoridades americanas de que as tarifas anunciadas por Trump seriam "contraproducentes".

"Estamos adotando uma medida forte que mudará os cálculos do México (na hora de enfrentar a migração ilegal). Sou agressivo atualmente porque o que o presidente Trump fez foi mudar o jogo", ressaltou Navarro.

Trump surpreendeu ao anunciar na quinta-feira passada a decisão de aplicar sobretaxas às importações mexicanas de 5% - e aumentar os encargos gradualmente até 25% - se o México não frear a crescente imigração que afeta os EUA.

O presidente americano deu um prazo até 10 de junho para negociar a entrada em vigor das primeiras tarifas que afetariam totalmente as importações procedentes do México.

Em entrevista coletiva na terça-feira, Ebrard afirmou que há 80% de possibilidades de haver "um entendimento" com os Estados Unidos para solucionar o aumento no fluxo migratório e assim evitar a ameaça de tarifas às importações mexicanas.

No entanto, horas depois, em Londres, onde realiza uma viagem oficial, Trump afirmou que "o mais provável" é que na próxima segunda-feira entrem em vigor as tarifas comerciais anunciadas para punir o México por suas políticas migratórias.

"O México não deveria permitir que milhões de pessoas tentem entrar no nosso país, poderia evitar muito rapidamente. Acho que o país se mobilizará, mas se não, vamos impor sobretaxas", prometeu o governante americano.

Trump deseja que o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador atue na fronteira com a Guatemala e no próprio país para impedir a chegada de migrantes centro-americanos a território americano.

A fronteira vive há meses uma situação de crise pelo crescente fluxo de migrantes que a cruzam, a maioria famílias da América Central solicitantes de asilo.

As autoridades detiveram em abril 98.977 migrantes imigrantes ilegais na fronteira com o México, o maior número dos últimos seis meses, e 8.897 deles eram menores não acompanhados, segundo dados oficiais publicados no mês passado.

Com essas prisões, já chega a 460.294 o número de detenções de imigrantes no limite fronteiriço desde o início do ano fiscal de 2019, que começou em outubro.

Atualmente, os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do México, país que exportou entre janeiro e novembro de 2018 ao seu vizinho do norte produtos avaliados em US$ 328 bilhões, o que representa quase 80% das exportações totais.

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