Economia

Sob pressão, Banco Central da Rússia oxigena a economia

O Banco Central da Rússia anunciou que oxigenará uma economia em plena asfixia, baixando, para surpresa geral, a sua taxa de juros, de 17% para 15%


	Rússia: prevê-se uma queda de 3,2% do Produto Interno Bruto no primeiro semestre
 (Alexander Nemenov/AFP)

Rússia: prevê-se uma queda de 3,2% do Produto Interno Bruto no primeiro semestre (Alexander Nemenov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2015 às 18h04.

Moscou - Sob pressão política crescente, o Banco Central da Rússia anunciou nesta sexta-feira que oxigenará uma economia em plena asfixia, baixando, para surpresa geral, a sua taxa de juros.

A decisão do Banco da Rússia de reduzir sua taxa de 17% a 15% teve como consequência imediata a queda do rublo, que voltou aos seus piores níveis desde meados de dezembro.

A instituição, que há meses enfrenta a desvalorização da moeda e a alta dos preços, explicou que sua prioridade mudou.

Seu objetivo, explicou, é "prevenir uma queda importante da atividade em um contexto de fatores externos negativos" como as sanções ocidentais relacionadas com a crise ucraniana e a queda das cotações do petróleo (principal fonte de receitas orçamentárias do Estado).

Prevê-se uma queda de 3,2% do Produto Interno Bruto no primeiro semestre, após um crescimento de 0,6% em 2014.

Com uma taxa de 17%, muitos analistas consideravam insustentáveis qualquer empréstimo para os particulares e as empresas. Mas poucos esperavam ver o banco central revisar tão rápido sua alta taxa de juros, de 6,5 pontos.

Após meses de uma depreciação cada vez mais acentuada, o rublo experimenta nesse momento uma queda sem precedentes em 15 anos de governo Putin.

O pânico tomou conta da população, que sacou massivamente seus recursos dos bancos diante do risco de colapso no sistema financeiro.

Se a alta taxa de juros deu algum alívio, a inflação seguiu acelerada, atualmente a 13,1%.

Decisão política?

"A 15%, a taxa básica continua "suficientemente alta para que se possam alcançar os objetivos de inflação a médio prazo, mas não pode provocar um esfriamento excessivo da economia", disse a presidente do Banco Central, Elvira Nabioullina, citada em comunicado.

"Uma queda de dois pontos tornará possível o relançamento do crédito para o setor real", afirmou.

Apesar de um pacote de 60 medidas publicadas na terça-feira pelo governo para atenuar os efeitos da crise, entre elas injeções no sistema bancário, as autoridades já advertiram que o PIB pode cair 5% nesse ano.

Os especialistas do gabinete londrino da Capital Economics consideraram que a decisão, seguida por uma queda do rublo, "deve fazer mais mal do que bem".

"Parece refletir uma pressão política crescente e afetará a credibilidade do banco central", acrescentaram.

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