Economia

Síria recebe petróleo iraquiano via Egito

Bashar al-Assad, recebeu substancial importação de petróleo iraquiano por meio de um porto egípcio nos últimos nove meses


	O presidente sírio, Bashar al-Assad:  governo de Assad foi colocado numa lista negra por potências ocidentais por seu papel na guerra civil que já dura dois anos e meio
 (AFP)

O presidente sírio, Bashar al-Assad:  governo de Assad foi colocado numa lista negra por potências ocidentais por seu papel na guerra civil que já dura dois anos e meio (AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2013 às 07h27.

Londres - O governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, recebeu substancial importação de petróleo iraquiano por meio de um porto egípcio nos últimos nove meses, segundo revelam documento de embarque e pagamentos, parte de um comércio não rastreado que vem mantendo sua força militar apesar das sanções ocidentais.

O governo de Assad foi colocado numa lista negra por potências ocidentais por seu papel na guerra civil que já dura dois anos e meio, forçando as autoridades em Damasco a depender do Irã, seu aliado estratégico --mas também alvo de sanções ocidentais por causa de seu programa nuclear-- como principal fornecedor de petróleo bruto.

No entanto, uma averiguação da Reuters com base em documentos comerciais não revelados anteriormente, relacionados às compras sírias de petróleo, mostra que o Irã não está mais agindo sozinho.

Dezenas de documentos de embarque e pagamentos vistos pela Reuters revelam que milhões de barris de petróleo entregues ao governo de Assad em navios iranianos vieram, na realidade, do Iraque, por intermédio de empresas de comércio libanesas e egípcias.

O negócio, negado pelas firmas envolvidas, mostrou-se lucrativo, com as empresas exigindo um prêmio alto sobre o custo normal do óleo em troca de correr o risco do embarque para a Síria.

É também uma demonstração do papel do Egito, Iraque e Líbano, não revelado antes, na cadeia de suprimentos de Assad, apesar das restrições desses países em apoiar seu governo.

Tanto a companhia petrolífera síria que recebeu o produto, a Sytrol, como a operadora iraniana do embarque que o entregou, a Petroleira Nacional Iraniana, estão nas listas de sanções da União Europeia e dos EUA, as quais as impedem de fazer negócios com empresas norte-americanas e do bloco europeu, barrando-as dos sistemas financeiros dos EUA e da UE, e congelando seus ativos.


Embora empresas de fora dos EUA e da UE não estejam sujeitas às sanções, as companhias que fazem negócios com firmas nas listas negras se arriscam a também serem incluídas nelas: Washington e Bruxelas regularmente incluem empresas e pessoas de terceiros países em seu rol de sanções se constatarem que elas negociam com aquelas já listadas.

Pelo menos quatro empresas de terceiros países que foram adicionadas à lista de sanções do Tesouro dos EUA referente ao Irã, na última atualização, em dezembro de 2012, estavam sendo punidas especificamente "por prover apoio material" para a Petroleira iraniana, segundo o Tesouro.

"Nós temos nos concentrado bastante nas tentativas iranianas de ajudar o regime iraniano econômica e militarmente", disse um porta-voz do Departamento do Tesouro.

Ele não quis comentar as atividades específicas descritas nos documentos vistos pela Reuters, mas afirmou que empresas e pessoas foram adicionadas à lista de sanções por atividades similares a essas.

O conjunto de documentos descrevendo o comércio entre março e maio deste ano foi mostrado à Reuters por uma fonte que pediu para manter o anonimato. Muitos detalhes foram confirmados por uma fonte separada, do setor de transporte marítimo no Oriente Médio e com longo relacionamento com a indústria naval síria.

Dados disponíveis ao público de rastreamento de petroleiros por satélite, entregues pela Thomson Reuters, empresa do grupo da Reuters, foram usados para confirmar a movimentação dos navios.

(Por Julia Payne) REUTERS RS

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