Economia

Sindicato de mineiros ameaça "paralisar" a África do Sul

Líder do principal sindicato dos mineiros exigiu uma reunião com o presidente Jacob Zuma e ameaçou paralisar a economia do país

Presidente da Associação de Mineiros e Sindicato da Construção (AMCU) durante discurso para a comunidade mineradora durante greve na mina de platina da Lonmin em Rustenburg (Siphiwe Sibeko/Reuters)

Presidente da Associação de Mineiros e Sindicato da Construção (AMCU) durante discurso para a comunidade mineradora durante greve na mina de platina da Lonmin em Rustenburg (Siphiwe Sibeko/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2013 às 10h47.

Johanesburgo - O líder do principal sindicato dos mineiros de platina da África do Sul exigiu nesta sexta-feira uma reunião com o presidente Jacob Zuma e ameaçou paralisar a economia do país, elevando o tom da sua retórica em uma crise trabalhista que já dura 18 meses.

A moeda local (rand), que caíra na quinta-feira ao seu menor valor contra o dólar em quatro anos por causa dos temores de uma greve na empresa Anglo American Platinum, prosseguiu sua trajetória de baixa e chegou a ser negociado a 9,4334 por dólar.

Joseph Mathunjwa, presidente da Associação de Mineiros e Sindicato da Construção (AMCU), disse que o partido governista CNA está ignorando a violência contra seus filiados no chamado "cinturão da platina", nos arredores de Rustenburgo, no noroeste do país.

"Vamos escrever mais uma última carta ao gabinete do presidente, (dizendo) que precisamos de uma reunião para conversar sobre essas questões em Rustenburgo, sobre a morte dos nossos membros", disse ele a uma rádio de Johanesburgo.

"Esta é uma demonstração do compromisso do AMCU com a paz. Dissemos que vamos paralisar a economia", afirmou.

Desde 2012, o AMCU desponta como o mais poderoso sindicato do setor da platina, o que causou uma reviravolta nas relações trabalhistas do setor minerador, e gerou uma onda de greves que afetou das montadoras de automóveis de Durban às vinícolas próximas à Cidade do Cabo.

A decadência das décadas de monopólio sindical da União Nacional dos Trabalhadores de Minas (NUM) também abriu espaço para o surgimento de diversos comitês de trabalhadores e ativistas anticapitalistas, que se opõem ao CNA e ao status quo econômico da África do Sul pós-apartheid.

Diante de forças tão novas e díspares, o CNA, que governa o país há quase 20 anos, parece perdido. O NUM foi seu aliado durante as décadas de luta contra o apartheid, e seu declínio deverá prejudicar o CNA na eleição de 2014.

"É muito difícil decifrar adequadamente o que está acontecendo", disse Cyril Ramaphosa, vice-presidente do CNA e fundador do NUM, a uma rádio. "Há rivalidade sindical, disputa por espaço, e há obviamente outros elementos entrando em cena. Ficamos ouvindo sobre um partido socialista de trabalhadores ou qualquer coisa, e isso parece estar também alimentando as chamas." No incidente mais sangrento das últimas greves, a polícia matou 34 filiados do AMCU em agosto na mina de Marikana, no pior incidente envolvendo as forças de segurança sul-africanas desde o fim do regime de segregação racial, em 1994.

No fim de semana, pistoleiros não identificados mataram um organizador do AMCU em um bar de Marikana.

Membros do sindicato também estão envolvidos na violência, inclusive na morte de seguranças e policiais no ano passado.

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