Economia

Sexo, drogas e dentista: três sinais de que a Grécia vai realmente mal

A feira erótica de Atenas já não tem o mesmo brilho e a população grega descuida da saúde; confira indicadores inusitados que mostram os efeitos da crise na Grécia

Indústria do sexo sofre com a crise grega (Ricardo Martins from Gent/ Wikimedia Commons)

Indústria do sexo sofre com a crise grega (Ricardo Martins from Gent/ Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2012 às 11h32.

São Paulo – Com quase um em cada quatro cidadãos desempregados, e uma recessão que já dura cinco anos, dizer que a Grécia vive uma fase complicada é eufemismo. Mas os indícios de que as coisas não estão bem vão além da macroeconomia. Veja três indicadores que mostram porque os gregos sonham com a volta de tempos mais prósperos:

Sex shops

Qualquer um que entenda o mínimo de finanças pessoais sabe que, diante de dificuldades econômicas, é preciso cortar gastos supérfluos. E é assim que os gregos parecem estar lidando com possíveis despesas com brinquedos eróticos, lingeries e pornografia. A quinta edição da Feira de Sonhos Eróticos de Atenas, que terminou no último domingo, reflete o ânimo da população em meio aos imbróglios econômicos do país.

A feira atraiu grandes multidões em sua primeira edição, em 2008, mas este ano as filas eram tímidas e apenas 12 expositores estiveram presentes, segundo a Reuters.

"Alguns clientes simplesmente não se sentem no clima para fazer sexo, e outros não podem comprar nossas coisas nesta crise”, disse à Reuters uma das vendedoras presentes à feira, Marianna Lemnarou.

Segundo ela, as coisas foram por água abaixo após a indefinição das eleições de 6 de maio, que fracassou em formar um governo de coalizão que concordasse com os rumos para sair da crise. Novas eleições estão marcadas para 17 de junho.

Desde 2008, três em cada quatro sex shops de Atenas fecharam as portas, informou a Reuters.

Idas aos dentistas e médicos

Estudo publicado na revista científica The Lancet mostra que os gregos abriram mão da saúde privada pela pública desde o início da crise, em 2008. O número de consultas em hospitais bancados pelo governo subiu 24%, enquanto houve um declínio de quase 30% nas unidades privadas, entre 2009 e 2010.


Com o agravamento da crise este ano, é possível que a diferença entre o setor particular e público tenha se acentuado ainda mais.

A mudança, no entanto, foi acompanhado de uma redução de 40% na fatia do orçamento destinado aos gastos hospitalares, o que gerou reclamações de falta de material, falta de médicos e enfermeiros e até a cobrança de propina por funcionários para evitar filas.

HIV e Drogas

Um aumento significativo de infecções por HIV tem sido detectado na Grécia, segundo pesquisa publicada na The Lancet. Estimativas ainda não confirmadas atestam que o número de novas pessoas infectadas tenha subido cerca de 50% em 2011 em comparação ao ano anterior, quando já havia sido detectado um aumento significativo. Metade destas pessoas são usuárias de drogas injetáveis.

O uso de heroína entre usuários de drogas subiu de 20 mil para 24 mil, apenas em 2009, de acordo com o Centro de Documentação e Monitoramento de Drogas da Grécia.

Como consequência, ONGs que mantém clínicas nas ruas, normalmente direcionadas a imigrantes, passaram a ter entre seus pacientes 30% de gregos, número que antes não passava de 4%.

Acompanhe tudo sobre:Crise gregaDrogasEuropaGréciaPiigsSaúdeSexo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto